A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, se opõe à presença de atletas russos nos Jogos Olímpicos de 2024 "enquanto houver guerra" na Ucrânia, disse uma fonte próxima a ela nesta terça-feira (7/2), após uma entrevista à France Info.
Em entrevista anterior, no final de janeiro, a prefeita da cidade anfitriã posicionou-se a favor da sua participação "sob bandeira neutra" com o objetivo de "não privar os atletas da sua competição", compromisso que agora considera "indecente", de acordo com esta fonte.
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A bandeira neutra "não existe realmente", opinou Hidalgo, estabelecendo uma discussão com "os russos dissidentes que querem desfilar sob uma bandeira de refugiados".
Estes atletas que "desfilam e participam sob a bandeira dos refugiados" não "apoiam Vladimir Putin e sua agressão", disse a prefeita para explicar sua mudança de opinião.
O caso dos atletas russos é delicado desde os Jogos do Rio, em 2016, quando estes foram excluídos como punição pelo sistema de dopagem generalizado no país.
Em Tóquio-2021 e nos Jogos de Inverno de Pequim de 2022, os russos desfilaram sob bandeira neutra.
"Não sou a favor desta opção, acharia totalmente indecente", comentou Hidalgo. "Um país que está agredindo outro não pode desfilar como se isso não existisse".
O cenário é politicamente inflamável: no final de janeiro, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, exigiu do presidente da França, Emmanuel Macron, que os russos fossem excluídos dos próximos Jogos Olímpicos.
Mas o Comitê Olímpico Internacional (COI) traçou uma alternativa para reintegrá-los ao esporte mundial, considerando que "nenhum atleta deveria ser privado de competir com base no seu passaporte".
Apesar dos reiterados pedidos da Ucrânia para a exclusão dos atletas russos e bielorrussos dos Jogos de de Paris em 2024, o COI declarou na semana passada que estudaria a possibilidade de autorizá-los sob bandeira neutra.
Macron, por sua vez, ainda não se expressou sobre o caso. Contactados pela AFP nesta terça-feira, nem o Eliseu nem o COI comentaram as declarações da prefeita de Paris.
Em referência à alternativa do COI, o Ministério dos Esportes da França explicou que a questão de uma "eventual participação" de russos sob bandeira neutra está sendo "debatida" com o Comitê.
Ameaça de boicote
Desde o início da guerra, russos e bielorrussos foram excluídos da maioria de eventos esportivos mundiais.
O caso dos atletas bielorrussos, cujo país apoia a invasão da Ucrânia pela Rússia, não foi abordado pela prefeita de Paris.
Este debate relativo aos Jogos de 2024 já tomou dimensões internacionais.
A ideia do COI de permitir que atletas russos desfilem sob bandeira neutra com a condição de que não tenham "apoiado ativamente a guerra na Ucrânia" foi imediatamente rechaçada pelas autoridades ucranianas, que ameaçaram um boicote, seguidas por Polônia, Estônia e República Tcheca.
Nesta terça-feira, os comitês olímpicos nacionais dos países nórdicos emitiram de forma conjunta sua oposição à participação de atletas russos e bielorrussos em competições internacionais, sem chegar a colocar sobre a mesa a possibilidade de boicotarem o evento.
"A situação não mudou com a guerra na Ucrânia", escreveram os comitês de Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia. "A hora de considerar seu retorno ainda não chegou".
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