O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, insinuou, neste domingo (29/1), que a Turquia poderia aprovar a candidatura da Finlândia à Otan, sem fazer o mesmo pela Suécia.
"Se for necessário, podemos dar uma resposta diferente sobre a Finlândia. A Suécia vai se chocar quando dermos uma resposta diferente sobre a Finlândia", disse o dirigente turco ao ser perguntado sobre a candidatura dos dois países nórdicos à Otan, durante encontro televisionado com jovens.
Pela primeira vez, o governo turco deu a entender que está disposto a tratar o pedido de adesão da Finlândia em separado do da Suécia.
Na terça-feira, a Turquia bloqueou a entrada de Suécia e Finlândia na Otan ao adiar indefinidamente uma reunião tripartite, originalmente agendada para o início de fevereiro, para abordar as objeções turcas.
Erdogan advertiu na segunda-feira que a Suécia, a quem acusa de dar cobertura a "terroristas" curdos, não poderia seguir contando com o "apoio" de Ancara depois que um ativista de extrema direita queimou um exemplar do Alcorão em Estocolmo.
Sem mencionar o incidente, o presidente turco reiterou suas críticas à Suécia pelas demandas de extradição da Turquia.
"Dissemos: 'se vocês querem entrar na Otan, vocês têm que nos devolver estes terroristas'. Apresentamos uma lista de 120 pessoas [...] Mas zombam de nós dizendo que mudaram sua Constituição", afirmou.
- Adesão conjunta -
O chefe da diplomacia finlandesa, Pekka Haavisto, disse na terça que a adesão conjunta dos dois países nórdicos continua sendo "a primeira opção", mas "obviamente temos que avaliar a situação, se ocorreu algo que no longo prazo faça com que a Suécia não possa mais seguir adiante".
Disse, também, em declarações à TV pública Yle, que era "cedo demais para tomar uma posição".
Até pouco tempo atrás, a Finlândia tinha se negado a especular o ingresso na Otan sem a Suécia, insistindo nas vantagens da adesão conjunta com seu vizinho mais próximo.
O ministro finlandês também declarou na quarta-feira que esperava que o processo de ratificação dos dois países nórdicos fosse concluído antes da cúpula da Aliança que será realizada em Vilnius, na Lituânia, em julho, apesar do desacordo com a Turquia.
Desde maio, Ancara bloqueia a entrada da Suécia e da Finlândia na Otan, acusando os dois países de abrigarem ativistas e simpatizantes curdos, aos quais qualifica de "terroristas", incluindo membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Diferentemente do caso da Suécia, a Turquia manifestou nos últimos meses que não faz grandes objeções a que a Finlândia se incorpore à Otan.
Assim como os 30 membros da Aliança, a Turquia precisa ratificar a entrada de qualquer novo membro e tem direito de veto de fato.
Apenas Turquia e Hungria, que diz não querer bloquear as demandas dos dois países nórdicos, ainda precisam ratificar estas duas adesões.
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