O chefe da diplomacia de Estados Unidos, Antony Blinken, desembarcou neste domingo (29) no Egito para uma breve visita ao Oriente Médio, em plena escalada de violência entre israelenses e palestinos.
Blinken se reunirá com o presidente e o ministro das Relações Exteriores do Egito. Ele viajará a Jerusalém e Ramallah na segunda-feira e terça-feira.
A escalada da violência deve dominar as discussões, pois o governo egípcio é um mediador histórico no conflito israelense-palestino.
A viagem, prevista há vários meses, acontece no momento em que as tensões no conflito aumentaram consideravelmente em questão de dias.
Na sexta-feira, um palestino de 21 anos matou sete pessoas diante de uma sinagoga em Jerusalém Oriental. No sábado, outro ataque executado por um adolescente palestino deixou dois feridos.
Os dois ataques aconteceram depois de uma operação israelense no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, na qual morreram nove palestinos.
Israel afirmou que os alvos da incursão eram militantes da Jihad Islâmica.
Em resposta, grupos palestinos lançaram foguetes a partir da Faixa de Gaza contra o território israelense. Na sequência, o exército do Estado hebreu bombardeou o território palestino.
Neste domingo, o ministério da Saúde palestino informou que guardas israelenses mataram um palestino perto de um assentamento na Cisjordânia ocupada. O exército de Israel afirmou que o homem estava armado.
Blinken se reunirá com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e com o líder palestino, Mahmud Abbas, e pedirá "em termos gerais que sejam adotadas medidas para reduzir as tensões", declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, ao mesmo tempo que condenou o "horrível" ataque diante da sinagoga.
Mas a margem de manobra do secretário de Estado americano parece limitada, levando em consideração que as vias para a resolução do conflito se encontram estagnadas.
Analistas ouvidos pela AFP não acreditam em muitos avanços diplomáticos. Washington, provavelmente, se limitará a reiterar o apoio à solução de dois Estados.
"Penso que o melhor que pode conseguir é que as coisas se estabilizem, para evitar a repetição de maio de 2021", afirmou Aaron David Miller, ex-conselheiro do governo americano analista da Fundação Carnegie de Washington, em uma referência à mais recente escalada de violência entre Israel e os grupos armados palestinos em Gaza.
Ghaith Al Omari, analista do Washington Institute, considera que "a visita não aponta nenhuma mudança na posição americana a respeito do conflito israelense-palestino", mas ele prevê que "a conversa (com Mahmud Abbas) não será agradável".
Avalanche de visitas
A viagem de Blinken a Israel reflete a vontade de Washington de estreitar rapidamente a relação com Netanyahu, que lidera o governo mais à direita da história do país e cujas relações com a administração democrata de Joe Biden registraram tensões recentemente.
A visita acontece depois da viagem do conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
"Nunca vi tantas visitas de alto escalão durante outro governo", destaca Aaron David Miller.
"Não tem precedentes", acrescenta, antes de mencionar a possibilidade de Netanyahu viajar a Washington em fevereiro.
O diretor da CIA, William Burns, também visitou a região recentemente.
Blinken insistirá na "importância de manter o status quo histórico" na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, terceiro local sagrado do islã e o mais sagrado do judaísmo (chamado de Monte do Templo), situada na parte palestina da cidade, ocupada e anexada por Israel.
Os Acordos de Abraão, processo de normalização das relações entre Israel e vários países árabes, também estarão entre os temas abordados.
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