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VIAGENS

Chanceler alemão faz seu primeiro giro pela América do Sul

O chanceler será o primeiro dirigente das potências ocidentais a se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde que o petista tomou posse em 1º de janeiro

O chefe de governo da Alemanha, Olaf Scholz, inicia neste sábado (28) uma viagem que o levará a Argentina, Chile e Brasil. O chanceler será o primeiro dirigente das potências ocidentais a se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde que o petista tomou posse em 1º de janeiro.

Acompanhado por uma delegação de empresários, Scholz é esperado hoje em Buenos Aires, onde se reunirá com o presidente argentino Alberto Fernández.

A parada seguinte será o Chile, onde visitará, acompanhado do presidente Gabriel Boric, o Museu da Memória e dos Direitos Humanos, que recorda as atrocidades cometidas durante a ditadura de Augusto Pinochet.

Na segunda-feira, viaja a Brasília, onde participará de uma cúpula entre a maior economia europeia e a maior da América Latina. A visita acontece no momento em que as empresas alemãs buscam oportunidades de negócios após os problemas de fornecimento de matérias-primas provocados pela invasão russa da Ucrânia.

Os três destinos de Scholz são ricos em recursos naturais e "parceiros muito interessantes" para a Alemanha, disse uma fonte do governo alemão em Berlim.

A escala no Brasil será observada de perto, como prova de uma retomada das relações bilaterais e também entre o Mercosul e a União Europeia (UE), que ficaram fragilizadas durante a gestão de Jair Bolsonaro.

A última visita de um chanceler alemão ao Brasil ocorreu em 2015, quando Angela Merkel se reuniu com a presidente Dilma Rousseff em Brasília.

Acordo UE-Mercosul 

Um dos principais temas da agenda será a reativação do acordo comercial entre a UE e o Mercosul. Firmado em 2019, após 20 anos de negociações, o texto ainda não foi ratificado e é alvo de fortes críticas nos países europeus.

Em particular, setores agrícolas e movimentos ambientalistas europeus questionam a procedência de produtos resultantes do desmatamento da floresta amazônica, que Lula propôs reverter.

Esta semana, Lula declarou no Uruguai que considera "urgente" a conclusão do acordo entre os blocos, uma opinião que encontra eco nos setores industriais da Alemanha, que veem a América do Sul como um mercado promissor e ameaçado pela presença crescente da China.

Em entrevista ao consórcio Grupo de Diarios América (GDA), Scholz disse que seu país "apoia energicamente os esforços da Comissão Europeia para alcançar rapidamente um acordo com os parceiros do Mercosul", mas reafirmou a importância para Berlim de preservar o respeito "de normas modernas, especialmente em matéria de sustentabilidade, proteção do meio ambiente e equidade de condições trabalhistas".

Proteção do meio ambiente 

Após a vitória de Lula nas eleições, a Alemanha anunciou que retomará as contribuições ao Fundo de Conservação da Amazônia, congelados durante o governo Bolsonaro, com um primeiro pagamento de 35 milhões de euros.

"O governo Bolsonaro promoveu uma ruptura na política ambiental brasileira, fechou as portas da diplomacia ambiental", disse à AFP Roberto Goulart Menezes, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília.

"O governo Lula, pelo contrário, retoma essa agenda e a coloca entre suas prioridades", acrescentou.

Scholz diz que "conhece bem" o presidente Lula e destacou que compartilha com ele "a preocupação de fazer com que a transição verde de nossas economias e de nossas sociedades seja sustentável e respeite a equidade social. Vamos trabalhar em estreia colaboração nessa matéria".

Pressão pela Ucrânia 

A Alemanha também vai aproveitar a visita para tentar trazer os países sul-americanos para o lado da Ucrânia na guerra contra a invasão russa, segundo fontes do governo alemão.

Brasil, Argentina e Chile condenaram a invasão, mas têm sido reticentes para impor sanções contra Moscou. O agronegócio brasileiro, por exemplo, tem a Rússia como seu principal fornecedor de fertilizantes.

"Vamos ressaltar que os contornos da paz são relativamente simples: que a Rússia abandone um território onde não tem nada a fazer", frisou a fonte do governo alemão.

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