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EUA

Primo da fundadora do Black Lives Matter morre após levar choque da polícia

Caso ocorreu nos Estados Unidos. Keenan Anderson foi eletrocutado por policiais ao ser preso e morreu horas depois no hospital. Segundo polícia, tinha traços de maconha e cocaína no sangue do homem

Keenan Anderson, primo da co-fundadora do Black Lives Matter, Patrisse Cullors, morreu em Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos, após ser imobilizado e eletrocutado com uma arma de taser por policiais da cidade. O homem, 31 anos, teve uma parada cardiorrespiratória cerca de quatro horas após o episódio e morreu em um hospital local. O caso ocorreu ainda em 3 de janeiro.

A morte de Anderson ocorreu após o homem se envolver em um acidente de carro. O departamento de polícia foi acionado para atender uma ocorrência de acidente de trânsito no bairro de Venice, em Los Angeles. Ao chegar no local a vítima estaria desorientada, dizendo que “alguém está tentando me matar", embora nenhuma ameaça visível apareça na câmera, de acordo com informações do jornal BBC.

Inicialmente, ao ser abordado, Anderson segue as instruções da polícia e se senta, mas, com a chegada de outros policiais, ele se levanta e sai correndo em direção à rua. Os policiais gritam pedindo para que ele pare, mas ele ignora as ordens e uma perseguição é iniciada. O jornal BBC teve acesso as imagens de vídeo acopladas no uniforme de um dos policiais.

Anderson era pai e professor.

Momentos de terror

Quando os policiais alcançam Anderson, ele resiste e começa a gritar. Segundo imagens, os agentes pedem para que o jovem se acalme ou “vou dar um choque elétrico em você".

Uma ambulância chegou cinco minutos depois de Anderson ser atingido com a arma de choque e o conduziram para hospital onde, horas depois, ele teve a parada cardiorrespiratória e morreu. “Meu primo temia por sua vida. Ele passou os últimos 10 anos testemunhando um movimento que desafiava a matança de negros”, disse Patrisse Cullors, co-fundadora do Black Lives Matter e prima de Anderson, ao jornal The Guardian.

Coletiva da polícia

Na última quarta-feira (11/1), o Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD) concedeu uma entrevista coletiva à imprensa local para falar do caso. Segundo Michel Morre, chefe de polícia da corporação, Anderson teria cometido um crime ao atropelar uma pessoa e fugir do local tentando "entrar no carro de outra pessoa sem permissão".

Ainda segundo informações da polícia, um exame toxicológico encontrou maconha e cocaína no sangue de Anderson. 

Morte de George Floyd

O episódio da morte de Keenan Anderson se assemelha às circunstâncias em que George Floyd morreu, em maio de 2020, em Minneapolis, Minnesota.

A polícia da cidade tinha recebido um chamado por suspeita de um homem ter usado uma nota falsa para comprar cigarros. Ao ser abordado pela polícia, George Floyd resistiu à prisão e terminou com seu rosto pressionado no chão enquanto suas mãos estavam presas.

Derek Chauvin, um agente com 17 anos de carreira no Departamento de Polícia de Minneapolis, sustentou seu joelho sobre o pescoço de Floyd durante mais de nove minutos, até que o homem negro desmaiou e morreu por asfixia.

Uma jovem de 17 anos gravou um vídeo da ação policial em seu telefone e a filmagem logo se tornou viral.

O vídeo da morte de Floyd provocou uma comoção nacional contra a injustiça racial e a brutalidade policial que se expandiu para além das fronteiras norte-americanas. Manifestações consideradas maiores do que o movimento de direitos civis de 1960.

Isso foi refletido nas eleições presidenciais de 2020, nas quais Joe Biden, candidato democrata para a Casa Branca, vice-presidente durante a gestão de Barack Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos, se tornou uma figura popular na comunidade negra.

Biden se comprometeu a desmantelar o "racismo sistêmico" caso viesse a ser eleito presidente. O democrata venceu as eleições em 4 de novembro, com o apoio maciço dos eleitores negros.

Joe Biden havia indicado Kamala Harris, uma mulher negra, como sua vice-presidente, e após sua posse como líder dos Estados Unidos, escolheu um homem negro para encabeçar o Pentágono, outra decisão histórica. Contudo, uma de suas persistentes tentativas de aprovar uma lei sobre a atuação policial batizada com o nome de George Floyd tem sido barrada pela oposição republicana no Senado.

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