Após permanecer três semanas na prisão, acusada de apoiar os protestos contra o regime teocrático islâmico, a atriz iraniana Taraneh Alidoosti — estrela de Salesman, filme ganhador do Oscar em 2016 — foi libertada sob fiança. Ela estava detida desde 17 de dezembro por avalizar, em publicações no instagram, as manifestações desencadeadas pela morte de Mahsa Amini, uma iraniana de origem curda de 22 anos, que foi espancada pela polícia da moralidade, em 16 de setembro.
Taraneh, 38 anos, foi fotografada com um buquê de flores nas mãos, ao lado de amigos e familiares, ao deixar a prisão de Evin, em Teerã. Ela não ostentava o hijab (véu islâmico), que tornou-se o principal motivo dos protestos que se espalharam pelo país ao longo de quase quatro meses. A libertação da atriz tinha sido anunciada no Instagram por Nadere Hakim Elani, mãe de Taraneh Alidoosti.
Asghar Farhadi, diretor de cinema iraniano, uniu-se ao coro de artistas que exigiam a soltura de Taraneh. Ele também exigiu que as autoridades iranianas libertem os cineastas Jafar Panahi e Mohammad Rasoulof, por entender que o único crimes deles é "querer uma vida melhor".
A pressão de centenas de nomes da indústria cinematográfica mundial teria sido fundamental para que Taraneh ganhasse a liberdade. Os atores Emma Thompson, Penélope Cruz, Kate Winslet, Ian McKellen e os diretores Ken Loach, Pedro Almodóvar e Mike Leigh estão entre os cerca de 500 trabalhadores e personalidades da indústria que assinaram uma carta aberta exigindo a libertação da estrela iraniana.
A atriz é a personalidade de maior destaque presa pelo regime em conexão com o levante civil que sacode o Irã. Advogados, jornalistas e ativistas também foram detidos.
Charges
O Irã avisou à França que reagirá, depois da publicação pelo jornal satírico francês Charlie Hebdo de charges que considerou "insultantes" sobre Ali Khamenei, líder supremo iraniano. O semanário publicou dezenas de ilustrações que representam a personalidade religiosa e política mais importante do país asiático. As caricaturas tinham sido selecionadas em um concurso lançado em dezembro devido à onda de protestos no Irã, desencadeada após a morte de Mahsa Amini.
"O ato insultante e indecente de uma publicação francesa de difundir caricaturas contra a autoridade religiosa e política não ficará sem uma resposta efetiva e firme", declarou o ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, no Twitter. "Não permitiremos que o governo francês cruze a linha. Definitivamente, escolheu o caminho errado."