O palestino Alkam Khairi, 21 anos, dirigiu do bairro de At-Tur até o distrito de Neve Ya'akov, ambos em Jerusalém Oriental. Às 20h30 (15h30 em Brasília) de ontem, ele parou o carro em frente à sinagoga Ateret Avraham e disparou contra um grupo de israelenses que deixavam o local, depois das orações de sexta-feira. Em pleno Shabbat, o dia de descanso no judaísmo, e na data em que os judeus lembravam as vítimas do Holocausto, Khairi promoveu um massacre. Foram sete mortos e três feridos. Testemunhas relataram que ele chegou a perseguir quem tentava escapar. Durante a fuga, o palestino atirou contra policiais, que revidaram e o mataram.
O primeiro-ministro de Israel, Benjanim Netanyahu, visitou Neve Ya'akov — região de colonização judaica do setor de Jerusalém anexado — e prometeu retaliar o ataque, ao classificá-lo como um dos mais mortíferos em vários anos. "Nossos corações estão com as famílias dos feridos e dos mortos. Nós avaliamos a situação e decidimos sobre algumas ações imediatas. Agiremos decisiva e calmamente", declarou.
O chefe de governo também afirmou que o gabinete político de segurança se reunirá, hoje, ao fim do Shabbat. Netanyahu também fez um apelo aos israelenses. "Eu conclamo os cidadãos a não fazerem justiça com as próprias mãos. Para isso, temos um Exército e uma polícia que recebem instruções do gabinete", comentou.
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"Sete pessoas inocentes foram assassinadas esta noite, em Jerusalém. Saíam da sinagoga, depois das orações da noite de sexta-feira. Um homem abriu fogo contra elas. No mesmo dia, lembrávamos das vítimas do Holocausto. Não existem palavras suficientes para condenar isso", afirmou ao Correio, por telefone, Daniel Zonshine, embaixador de Israel no Brasil. "Nosso país fará o que tiver que fazer para prevenir esse tipo de ataque. Nós não toleraremos nenhum tipo de atentado terrorista desta natureza."
O movimento fundamentalista islâmico Hamas reivindicou a autoria do ataque. "A operação é uma resposta ao crime conduzido pela ocupação em Jenin e uma resposta natural às ações criminosas da ocupação", disse Hazem Qassem, porta-voz do grupo, ao fazer menção a uma operação militar israelense que deixou 11 mortos no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, na véspera. Por sua vez, o grupo extremista Jihad Islâmica elogiou o atentado.
Os EUA condenaram a matança, que classificaram como "horrenda". "Nos solidarizamos com o povo israelense", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel. O massacre ocorreu às vésperas da visita do secretário de Estado, Antony Blinken, a Jerusalém e a Ramallah, na Cisjordânia. Na noite de ontem, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro divulgou nota em que reitera que "não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis". "O Brasil exorta ambas as partes a se absterem de ações que afetem a confiança mútua necessária à retomada urgente do diálogo, com vistas a uma solução negociada do conflito. (...) O Brasil reitera o compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz, em segurança e dentro de fronteiras acordadas."
Nas redes sociais, fotos e vídeos mostravam palestinos da Faixa de Gaza e da Cisjordânia celebrando o atentado de Neve Ya'akov, com fogos de artifício, distribuição de doces nas ruas, buzinaço e gritos de euforia.
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