O secretário-geral da ONU António Guterres criticou, nesta sexta-feira (27/1), por ocasião do dia de memória do Holocausto, as "descargas tóxicas" de ódio na internet, e acusou as redes sociais de cumplicidade.
"Hoje enfrentamos não apenas o extremismo violento. Enfrentamos cada vez mais o terrorismo. A ameaça é global e está crescendo. Um dos principais aceleradores desse crescimento é o mundo digital", declarou Antonio Guterres em cerimônia da Assembleia Geral da ONU.
"Muitas partes da internet estão se convertendo em depósitos de lixo tóxicos para o ódio e mentiras perversas. São catalisadores com fins lucrativos para levar o extremismo das margens para o 'mainstream'", acrescentou o chefe da ONU.
"Ao usar algoritmos que amplificam o ódio para manter os usuários grudados em suas telas, as plataformas de mídia social são cúmplices, assim como os anunciantes que patrocinam esse modelo de negócio", denunciou Guterres. "Faço um chamado urgente" a todos aqueles com influência no ecossistema da informação (reguladores, autoridades, empresas de tecnologia, imprensa, sociedade civil e poderes públicos): parem com o ódio. Criem proteções e façam com que sejam respeitadas."
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"Não podemos permitir que ódios antigos encontrem novas saídas e impunidade nas plataformas digitais. Juntos, devemos enfrentar falsidades com os fatos; ignorância com educação; indiferença com engajamento", continuou Guterres.
Ao descrever a ascensão do nacional-socialismo na década de 1930, o chefe da ONU alarmou-se que "voltem a ressoar em nossos ouvidos atualmente esses cantos de sereia ao ódio. De uma crise econômica que exacerba o descontentamento, até a desinformação galopante e teorias da conspiração paranoicas."
Guterres também denunciou "as tentativas de reescrever a História, de negar o Holocausto e reabilitar colaboradores. O que é verdade para o antissemitismo é verdade para outras formas de ódio: racismo, intolerância ao muçulmano, xenofobia, homofobia, misoginia", concluiu.
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