Lisboa — Dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) apontam que o número de brasileiros vivendo legalmente em Portugal aumentou 13,9% (28.444) em 2022, totalizando 233.138 cidadãos. Isso significa dizer que quase a metade dos novos registros de residência concedidos pelas autoridades portuguesas no ano passado (58.716) foram para pessoas oriundas do Brasil. “Portugal precisa mais do que nunca ter o povo brasileiro em seu território”, diz o deputado João Moura, do PSD, partido que tem pressionado o governo do país europeu para que melhore o processo de entrada de estrangeiros em território luso.
Presidente da Comissão de Amizade entre Brasil e Portugal na Assembleia da República, o parlamentar afirma que setores como o de turismo, que representa parcela importante do Produto Interno Bruto (PIB) do país, está ávido por trabalhadores brasileiros, que têm facilidade para lidar com o público. Ele também defende que Portugal atraia investidores brasileiros para incrementar a economia, pois são muitos os ramos de negócios em que o capital oriundo do Brasil pode entrar. “Portugal está num canto ocidental da Europa, que tem um conjunto de oportunidades que podem abrir as portas para o mundo”, ressalta.
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Na avaliação de Moura, a presença de estrangeiros — em especial, brasileiros — em Portugal é importante para a economia devido à grave crise demográfica que o país enfrenta. A população lusitana tem a terceira maior parcela de idosos entre as 27 nações que integram a União Europeia. A situação é tão complicada que, mesmo com a entrada de imigrantes no país, o número total de habitantes continua caindo. Ou seja, a taxa de natalidade não compensa o número de mortes. Nesse contexto, o mercado de trabalho não consegue repor a mão de obra com portugueses. São os estrangeiros que suprem essa demanda. Eles, inclusive, já recolhem cerca de 1,2 bilhão de euros por ano aos cofres da Seguridade Social, a Previdência local.
“Portugal precisa de mão de obra em vários setores”, reforça o deputado. Ele reconhece, porém, que a situação econômica não está fácil em Portugal, com inflação elevada e aluguéis de imóveis cada vez mais caros. “Isso cria dificuldades para os brasileiros que estão em Portugal, para todas as comunidades que vivem no país e para os portugueses”, acrescenta. Pelas projeções da Organização Internacional para Migrações (OIM), cerca de 10% dos brasileiros que moram em Portugal enfrentam problemas financeiros sérios, não tendo sequer dinheiro para comer e para pagar moradia. São pelo menos 23 mil pessoas.
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Esse quadro preocupante, por sinal, foi tratado em um encontro entre João Moura, o senador brasileiro Chico Rodrigues (União Brasil-RR) e o embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carrero, em encontro na terça-feira (24/01). “O objetivo de conversas como essa é encontrar mecanismos que possam mitigar os problemas enfrentados pelos brasileiros”, destaca o senador. Segundo ele, muitas dessas pessoas que então em dificuldades foram iludidas, acreditando que Portugal é um eldorado, que não é. Meses depois de desembarcarem no país europeu, não conseguiram se empregar e assumiram gastos em euros, com os quais, agora, não conseguem arcar. “Migrar para um país requer muito planejamento”, afirma Rodrigues.
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