O Peru fechou neste sábado (21/1), por tempo indeterminado, o ingresso à cidadela inca de Machu Picchu, joia turística do país, alegando motivos de segurança, dada a dimensão dos protestos pela renúncia da presidente Dina Boluarte, que já deixou 46 mortos.
"Determinou-se o fechamento de rede de trilhas incas e da llaqta (cidadela) de Machu Picchu, ante a conjuntura social e para salvaguardar a integridade dos visitantes", informou o Ministério da Cultura, em um comunicado, acrescentando que a medida ficará em vigor "até novo aviso".
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O governo de Boluarte tomou esta decisão, depois que o serviço ferroviário da cidade de Cusco a Machu Picchu foi suspenso em decorrência dos danos à ferrovia. Os trilhos da via foram removidos de seu lugar na sexta-feira, de acordo com a concessionária Ferrocarril Trasandino. Os estragos teriam sido causados por manifestantes.
Pelo menos 400 turistas estão ilhados em Aguas Calientes/MachuPicchu, a cidade no sopé da montanha da cidade de pedra inca.
A ferrovia é o único meio de transporte para a cidadela, já que não existe via de trânsito de veículos que a conecte com Cusco, localizada a 110 quilômetros de distância.
O turismo é a principal fonte de receita da região de Cusco, berço do império inca, onde a cidadela inca construída no século XV se ergue no topo de uma montanha arborizada.
Mais um morto, no total de 46
Também neste sábado, um manifestante gravemente ferido pela repressão policial nos protestos contra a presidente Dina, em Ilave, região de Puno, no sul do Peru, não resistiu aos ferimentos e faleceu, informou a Defensoria do Povo.
"Temos uma pessoa morta em Ilave pelos protestos de sexta-feira. É um morador ferido que estava sendo levado para o hospital de Puno, mas chegou um cadáver", disse o defensor do Povop de Ilave, Jacinto Ticona, à AFP.
"Pedimos à polícia que não faça uso desproporcional da força", acrescentou.
A repressão policial aos protestos de sexta-feira em Ilave desencadeou a revolta da população que incendiou a delegacia de polícia no amanhecer deste sábado, segundo imagens televisivas.
Os confrontos entre os moradores aimaras e as forças de segurança dessa cidade também deixaram dez feridos, de acordo com fontes hospitalares.
Imagens que se tornaram virais nas redes sociais mostram policiais atirando contra manifestantes na praça principal de Ilave, uma pequena cidade a 3.800 metros de altitude perto do lago Titicaca, na fronteira com a Bolívia.
Outra delegacia de Puno, no distrito de Zepita, também foi incendiada na sexta-feira (20), sem deixar vítimas.
Os distúrbios já somam 46 mortes — 45 civis e um policial — desde 7 de dezembro, após a destituição e detenção do presidente de esquerda e de origem indígena Pedro Castillo. Ele foi acusado de tentar um golpe de Estado, ao querer dissolver o Congresso, controlado pela direita, que estava a ponto de destituí-lo do poder por suspeita de corrupção.
No último domingo, o governo peruano estendeu por 30 dias o estado de emergência em Lima, Cusco, Callao e Puno, para interromper os protestos. Com a medida, os militares ficam autorizados a intervir junto com a polícia em nome da ordem pública.
Na quinta-feira, as regiões Amazonas e La Libertad, ambas no norte, e Tacna, esta última na fronteira com o Chile, foram incluídas em estado de emergência. Com isso, quase um terço do país, que conta com 25 regiões, é afetado por esse regime até meados de fevereiro.
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