Washington, Estados Unidos- O policial que matou o afro-americano George Floyd em 2020 pediu, nesta quarta-feira (18/1), a um tribunal de apelações dos Estados Unidos que anule sua condenação por assassinato, alegando que a cobertura midiática extrema do caso e o risco de distúrbios o privaram de um julgamento "justo".
Derek Chauvin, de 46 anos, foi declarado culpado de assassinato pela Justiça de Minnesota, no norte dos Estados Unidos, em um julgamento realizado em 2021, e acabou condenado a 22 anos e meio de prisão.
Seu advogado, William Mohrman, pediu hoje ao tribunal de apelações que fosse anulado esse julgamento, em parte porque as audiências não foram transferidas para outra sede, apesar das ameaças de violência nos arredores da corte.
"A questão principal nesta apelação é se um acusado pode ter um julgamento justo em um tribunal cercado de blocos de concreto, arame farpado, veículos blindados e efetivos da Guarda Nacional, todos presentes no caso de sua absolvição", disse.
Seja qual for o resultado desta apelação, Chauvin permanecerá na prisão porque se declarou culpado de "violar os direitos civis" de Floyd diante de um juiz federal e recebeu uma sentença final de 21 anos de prisão em 2022.
Outros três policiais, que ficaram inertes enquanto Floyd agonizava, receberam sentenças que vão de dois anos e meio a três anos e meio de prisão.
Em 25 de maio de 2020, Chauvin, um policial branco com 19 anos de serviço em Minneapolis, permaneceu ajoelhado sobre o pescoço de Floyd por quase dez minutos, indiferente a seus gemidos e às intervenções das pessoas que estavam próximas e observavam a cena aterrorizadas.
O ocorrido, filmado e publicado nas redes sociais, provocou grandes protestos contra o racismo e a brutalidade policial em todos os Estados Unidos e em outros países, sob o lema "Black Lives Matter" ("Vidas Negras Importam", em tradução livre do inglês).
Durante o julgamento no âmbito da Justiça estadual, o advogado de Chauvin alegou que Floyd morreu de overdose, combinada com problemas de saúde, e assegurou que o policial tinha feito uso justificado da força.
Hoje, o ex-policial tenta invalidar esse julgamento, sobretudo porque aconteceu em Minneapolis, ainda comovida menos de um ano depois da tragédia.
Durante a seleção do júri, todos os candidatos "expressaram preocupação por sua segurança" e temor de que a cidade fosse incendiada novamente por manifestações em caso de absolvição, disse Mohrman.
"O caso não deveria ter sido julgado em Minneapolis, onde a cobertura do caso era onipresente", ressaltou o advogado. Em uma argumentação feita por escrito, Mohrman criticou os meios de comunicação por terem "idealizado George Floyd e demonizado Derek Chauvin".
Em contrapartida, os promotores afirmam que o julgamento foi "um dos mais precisos e transparentes" da história dos Estados Unidos.
Neal Katyal, um renomado jurista que representou a acusação, disse que "o juiz e as partes tardaram duas semanas para selecionar, com todo o cuidado, os jurados". Também foram ouvidas 44 testemunhas durante as audiências e foram exibidas sequências de vídeo importantes do incidente, inclusive a detenção de Floyd, acrescentou.
Além disso, "mesmo que Chauvin pudesse identificar algumas falhas menores, elas não teriam nenhum efeito. A evidência de sua culpabilidade ficou registrada em um vídeo que todo o mundo pôde ver", afirmou.
Agora, os juízes têm 90 dias para ditar a sentença.
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