Londres, Reino Unido- O príncipe Harry, filho mais novo de Charles III, foi acusado nesta sexta-feira (6) de querer "arruinar" a família real britânica com as explosivas revelações contidas em seu livro de memórias, que vazaram dias antes de sua publicação, a quatro meses da coroação de seu pai.
Intitulado "Spare" (em pré-venda no Brasil com o título "O que sobra"), a autobiografia será lançada mundialmente em 10 de janeiro, em contexto de forte tensão na monarquia.
A família real se esforça para modernizar sua imagem desde a morte de Elizabeth II em setembro, mas está envolvida em polêmicas, que incluem comentários racistas de uma madrinha do príncipe William, irmão mais velho de Harry e herdeiro do trono.
O livro, repleto de detalhes privados sobre a vida da família, acusações e reprovações, foi acidentalmente posto à venda por algumas horas na quinta-feira por uma rede de livrarias espanholas, o que permitiu que os tabloides britânicos adquirissem uma cópia.
Todos os lados do espectro político criticaram as revelações do príncipe, que em 2020 abalou a monarquia quando ele e sua esposa, a atriz americana Meghan Markle, anunciaram que estavam deixando suas funções como membros da realeza e foram morar nos Estados Unidos. O casal alegou que a pressão da mídia e da família era insuportável.
"Ninguém escapa da missão brutal de Harry de arruinar a família", foi a manchete do jornal de esquerda Daily Mirror.
"Tendo tomado a decisão estúpida de 'tornar públicos' seus desentendimentos com a família real, Harry estava, sem dúvida, sob enorme pressão (...) para cuspir o máximo de veneno possível", escreveu o jornal direitista Daily Mail.
O The Sun enfatizou que, embora os britânicos tenham simpatizado durante anos com o príncipe pelo trauma de perder sua mãe, a princesa Diana, quando criança, "ninguém pode justificar o caminho destrutivo e vingativo que ele escolheu, jogando sua própria família debaixo de um ônibus por milhões de dólares".
Harry afirma, simplesmente, querer explicar sua "verdade" sobre o que aconteceu em sua vida.
- "O pior", William -
Assim, por exemplo, relata uma briga que teve com seu irmão em Londres, em 2019. Na discussão, William chamou Meghan de "difícil", "grosseira" e "ríspida", antes de derrubá-lo no chão enquanto a discussão continuava.
Também menciona como Charles III fazia piadas “sádicas” sobre o “verdadeiro” pai de Harry, que cresceu ouvindo rumores sobre sua semelhança com James Hewitt, amante de Diana.
Outros detalhes sórdidos incluem como perdeu a virgindade com uma mulher mais velha em um campo atrás de um pub, seu uso de cocaína na adolescência, as 25 pessoas que ele matou durante suas missões militares no Afeganistão ou a mulher, que ele se abstém a chamar de "médium", que lhe permitiu entrar em contato com sua falecida mãe.
Ele também acusa William e sua esposa, Catherine, de tê-lo encorajado a se fantasiar de nazista quando tinha 20 anos, em um episódio que gerou um grande escândalo na monarquia.
Na opinião de Richard Fitzwilliams, especialista em família real, "o pior" do livro é "a forma como William é apresentado". "Alguém que traiu a sua confiança (...) alguém que realmente o atacou. Não é um retrato muito lisonjeiro para um futuro rei", sublinha.
Já na série documental "Harry & Meghan", lançada na Netflix em dezembro, Harry acusou a assessoria de imprensa do irmão de promover uma cobertura negativa da mídia contra ele e Meghan, devido, em sua opinião, ao fato de "roubarem o protagonismo" de outros membros da família.
Embora, segundo fontes citadas pelo The Sun, Charles III e William estejam tristes com essas acusações, o Palácio de Buckingham não comentou o assunto.
"Por um lado, quando algo não é desmentindo, as pessoas começam a acreditar", afirma Fitzwilliams. "Por outro, a família real tem um verdadeiro problema: como administrar essa situação?"
No momento, já parece improvável que Harry e Meghan estejam com a família na pomposa cerimônia de coroação do novo rei, marcada para 6 de maio na Abadia de Westminster.
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