Em janeiro deste ano, uma série de acusações foram expostas contra o papa Bento XVI, papa emérito que morreu neste sábado (31/12), aos 95 anos. O religioso foi acusado de ser omisso ao tomar conhecimento de abusos contra crianças que teriam sido cometidos por padres da igreja católica.
As denúncias foram reveladas por meio de um relatório encomendado pela própria igreja, por meio do cardeal Reinhard Marx. O documento de 1.700 páginas foi elaborado pelo escritório de advocacia Westpfahl-Spilker-Wastl. No geral, o relatório denuncia o acobertamento de casos de violência contra menores entre 1945 e 2019 com o objetivo, segundo eles, de "proteger a instituição da Igreja".
Após os escândalos, Joseph Ratzinger reagiu com "comoção e vergonha". Os casos aconteceram entre 1977 e 1982, quando Bento XVI era arcebispo de Munique e Freising.
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"O papa emérito expressa sua comoção e vergonha pelos abusos de menores cometidos por clérigos e oferece sua proximidade e orações a todas as vítimas", declarou, na época, o monsenhor Georg Gänswein, secretário particular de Bento XVI.
De acordo com o dossiê, o papa estava ciente do passado pedófilo do padre Peter Hullermann, um dos acusados. O sacerdote teria abusado de crianças em Essen (na Baviera) e foi enviado à arquidiocese de Munique, onde voltou a cometer o crime por décadas, sem ser incomodado.
Ele foi condenado em 1986 a uma pena de prisão com sursis (suspensão condicional do processo penal proposta pela acusação no momento de oferta da denúncia, sendo facultativo ao réu aceitá-la ou não). Mas ele foi então transferido para outra cidade da Baviera, onde teria reincidido. Apenas em 2010, Peter foi forçado a renunciar.
Outros dois sacerdotes foram sancionados penalmente por agressões sexuais cometidas quando Bento XVI era arcebispo. No entanto, o agora papa emérito alemão permitiu a ambos que seguissem no sacerdócio. Nenhum deles foi alvo de processo dentro do direito canônico.
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