No derradeiro dia de 2022, o Correio Braziliense relembra os fatos de um ano marcado por episódios históricos. Nos últimos 12 meses, o mundo assistiu a primeira guerra entre nações europeias no século XXI, a morte de uma das maiores monarcas de todos os tempos e teve um melhor vislumbre do universo que nos rodeia. Confira:
A retrospectiva de mundo em imagens:
Ataques russos à Ucrânia, crise política e conflito ainda sem resolução
Em 24 de fevereiro, forças russas cruzaram as fronteiras da Ucrânia e começaram a bombardear alvos militares perto de grandes cidades do país. O conflito entre os dois países começou em 2014, quando as forças armadas ucranianas e separatistas apoiados pelos russos travaram uma guerra nas regiões de Donetsk e Luhansk. No entanto, em fevereiro de 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu a independência dessas duas regiões mantidas pelos separatistas e enviou tropas russas para lá, rompendo o acordo de paz.
O conflito seguiu ao longo de todo o ano de 2022, com inúmeras reuniões entre representantes russos e o presidente Volodymyr Zelensky da Ucrânia para chegar a uma solução para o conflito, o que não ocorreu. Vale lembrar também, que um dos motivos seria a aproximação da Ucrânia com o ocidente e o interesse do país em fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Em novembro, os Estados Unidos divulgaram que cerca de 100 mil soldados russos e 100 mil militares ucranianos foram mortos ou feridos na guerra entre os países do leste europeu, e que cerca de 40 mil civis da Ucrânia perderam a vida no conflito.
Eleições pelo mundo: França, Colômbia e Angola
Em 2022, várias eleições presidenciais ocorreram pelo mundo. Em abril, as eleições francesas confirmaram mais um mandato para o presidente Emmanuel Macron. O líder considerado liberal centrista, venceu a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, com 58,54% dos votos.
Na Colômbia, o ex-guerrilheiro Gustavo Petro foi eleito presidente no 2º turno, em 19 de junho. Com a vitória, Petro se tornou o primeiro presidente de esquerda no Palácio de Nariño, após três tentativas de eleição, obtendo 50,49% dos votos contra 47,25% de Rodolfo Hernández.
Já em Angola, João Lourenço alcançou a reeleição para um segundo mandato após uma vitória acirrada do partido do governo. O MPLA, no poder desde a independência do país em 1975, obteve 51,17% dos votos, enquanto o primeiro partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), somou 43,95% dos votos.
Processo sobre ação no Capitólio, candidatura de Trump em 2024 e eleições para o congresso dos EUA
Nos Estados Unidos, muitas questões estiveram envolvendo a política do país. Em março, a Justiça deu início ao processo que investiga o ataque ao Capitólio, episódio em que manifestantes — instigados por Donald Trump — invadiram o prédio como uma forma de ‘protesto’ pelo resultados das eleições americanas em 2020, em que Joe Biden foi eleito.
Trump não foi afetado pelo julgamento das ações no Capitólio e, após muita especulação, anunciou a pré-candidatura à presidência dos EUA em 2024, quando ocorrem as eleições nacionais. O anúncio precoce é considerado por analistas como uma tentativa de ficar à frente de outros membros do Partido Republicano e evitar possíveis acusações criminais por investigações das quais ele é objeto.
Casamentos LGBTQIA+ permitidos em vários países
2022 trouxe também muito progresso na questão dos direitos humanos com a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo sendo permitido em diversos lugares. Em 25 de outubro, o México declarou legal o casamento para pessoas da comunidade LGBTQIA+ em todo o território. Já Cuba votou a favor de legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adoção gay e a barriga de aluguel. Neste mesmo tema, a Suíça realizou os primeiros casamento entre pessoas do mesmo sexo, em 2022.
Nova doença e medo de uma outra pandemia
Apesar de não ter se tornado uma pandemia, o mundo foi assombrado pela possibilidade do aumento do número de casos da varíola do macaco, a monkeypox — que havia sido erradicada em grande parte do planeta em 1980, com poucos casos sendo registrados em países da África nas últimas décadas.
Os primeiros casos da onda foram registrados, primeiramente, pela Europa em maio e depois foram se espalhando por todo o mundo. Em novembro, o Brasil atingiu a marca de 10 mil pessoas infectadas com o vírus da varíola do macaco. Também em novembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu mudar o nome da varíola dos macacos para 'mpox', como um modo de desassociar o vírus dos macacos.
Telescópio revolucionário e as primeiras imagens surpreendentes
As primeiras imagens captadas pelo telescópio James Webb, da Agência Espacial estadunidense (Nasa), em 12 de julho, surpreenderam não só pela resolução, mas também pela grande inovação que podem trazer. O nome do Telescópio foi uma homenagem a James Edwin Webb, militar que assumiu o cargo de administrador da Nasa em meio à corrida espacial contra os russos.
As primeiras imagens reveladas pelo telescópio mostram as Nebulosas de Carina e do Anel do Sul; o exoplaneta WASP-96b; o Quinteto de Stephen; e o campo profundo do universo, o aglomerado de galáxias SMACS 0723 e ainda foi feita uma comparação delas com as imagens captadas pelo Hubble, telescópio antecessor do James Webb.
Atentado e condenação da vice-presidente da Argentina
No dia 1º de setembro Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina, sofreu uma tentativa de assassinato com uma arma de fogo enquanto ela chegava em casa. O autor do tiro foi um brasileiro identificado como Fernando Sabag Montiel, de 35 anos, que foi preso na mesma noite do fato.
Em agosto, Cristina havia sido indiciada com um pedido de prisão por associação ilícita agravada e administração fraudulenta agravada na licitação de obras quando governou o país, entre 2007 e 2015. Ela negou as acusações e as classificou como “perseguição política”. Em 6 de dezembro a vice-presidente foi condenada em primeira instância a seis anos de prisão, mas vai recorrer em liberdade, porque tem foro privilegiado.
Reino Unido chora morte de Rainha e acolhe novo monarca
No dia 8 de setembro, o mundo se despediu da rainha mais longeva do Reino Unido, Elizabeth II, que morreu aos 96 anos em decorrência de uma piora de saúde. Em todos os países que compõem o Reino Unido, foram feitas diversas homenagens à monarca, incluindo a visita de admiradores ao caixão de Elizabeth e um funeral que reuniu centenas chefes de estado.
Após a morte da mãe, o agora rei Charles III assumiu o trono com a missão de dar sequência ao reinado de 70 anos da mãe. Assim, Charles passou a usar o título de rei enquanto William, seu primogênito, herdou o título de príncipe de Gales e duque da Cornualha.
A dança das cadeiras do parlamento britânico
Em 2022, o Reino Unido teve ao todo três primeiros-ministros distintos. Entre escândalos envolvendo o nome de Boris Johnson, o inglês renunciou ao cargo, foi sucedido pela conservadora Liz Truss, que permaneceu no cargo por 44 dias até renunciar e ser substituída por Rishi Sunak.
Em julho, Boris Johnson anunciou que renunciaria ao cargo de líder do Partido Conservador e, portanto, ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido. A pressão para a renúncia ocorreu após uma série de escândalos desencadeados pela nomeação de Chris Pincher, do Partido Conservador, para um cargo no governo em 2019, mesmo após Johnson ser informado que havia uma queixa contra Pincher por assédio sexual.
Liz Truss foi a escolhida pelo Partido Conservador para suceder Johnson e se tornou a terceira mulher a ocupar 10 Downing Street. Ela assumiu com a difícil missão de restaurar a economia britânica e, em seus 44 dias de mandato, teve que lidar com a morte da Rainha Elizabeth II, a ascensão do Rei Charles III. Ela renunciou em 21 de outubro em um breve pronunciamento de 90 segundos.
Rishi Sunak foi o escolhido para suceder Truss e assumiu em 25 de outubro. O bilionário ex-banqueiro é neto de imigrantes indianos e defensor da ortodoxia orçamentária. Além disso, se tornou o primeiro primeiro-ministro não-branco do Reino Unido.
A destruição causada pelo Furacão Ian nos EUA
No dia 28 de setembro, o oeste da Flórida, nos Estados Unidos, foi atingido por Ian, um furacão de categoria 4 com ventos de mais de 240 km/h. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas e o rastro de destruição deixou cidades inundadas.
No dia seguinte, o furacão perdeu intensidade, mas foi declarado como um dos um dos cinco furacões mais potentes a atingir a Flórida. Segundo equipes de resgate, 103 pessoas morreram durante a passagem do fenomêno.
Uma luta por direitos que vai além do Irã
2022 foi um ano marcado por manifestações e protestos em favor dos direitos das mulheres. No Irã, cidadãos protestam pela morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que foi detida pela polícia do país sob a sob a acusação de violar as regras do sobre o uso de hijab — tradicional lenço islâmico utilizado para cobrir a cabeça.
As críticas ao governo do país se intensificaram e muitas mulheres se revoltaram, queimando os hijab em protesto. O principal slogan dos manifestantes é "Mulher, Vida, Liberdade" — como um apelo à igualdade e uma poderosa afronta ao fundamentalismo religioso que controla o país.
As reivindicações chegaram até a Copa do Mundo do Catar, onde jogadores da seleção iraniana não cantaram o hino nacional em forma de protesto.
COP27 e as discussões climáticas
Prevista para ocorrer em 2021, a 27ª reunião anual da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima foi adiada para novembro de 2022 por medidas de segurança da covid-19.
O objetivo do encontro é que líderes mundiais conversem sobre as metas estabelecidas em encontros anteriores, definam maneiras de desacelerar ações globais sobre o clima e a emissão de gases do efeito estufa. Dentre alguns dos avanços na 27ª edição, houve a criação do fundo de perdas e danos para países vulneráveis.
Dentre os destaques, a participação do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, não passou despercebida. Durante discurso, Lula falou em esperança. “Senhores e senhoras, estou hoje aqui para dizer que o Brasil está pronto para se juntar novamente aos esforços para a construção de um planeta mais saudável. De um mundo mais justo, capaz de acolher com dignidade a totalidade de seus habitantes — e não apenas uma minoria privilegiada”.
Polêmica medida de restrição contra a covid-19 causa protestos na China
Em dezembro, a população da China foi às ruas criticar a medida do governo de “covid-zero”, que consiste em rígidas medidas de isolamento e lockdown, implementada em 2020.
No país a vacinação não foi tão efetiva quanto em países como o Brasil, sendo a população idosa representando uma grande parcela dos não vacinados. Por isso, o governo voltou a usar o lockdown como uma forma de conter, novamente, o avanço da doença no país. Após as manifestações, a política foi revista na China.
Anúncio de fechamento do Congresso e destituição de Castillo no Peru
No dia 7 de dezembro, Pedro Castillo, até então o presidente do Peru, anunciou em rede nacional a decisão de fechar o Congresso e estabelecer um "governo de exceção", enquanto enfrentava um processo de impeachment. A medida pegou o país de surpresa e foi classificada como um golpe de estado.
O peruano foi deposto da presidência. A partir daí, a Suprema Corte do Peru determinou que a vice, Dina Boluarte, assumisse a Presidência e Castillo foi preso momentos depois, enquanto se preparava para deixar o Palácio do Governo.
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