O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, chegou à Casa Branca, nesta quarta-feira (21/12), para dialogar com seu contraparte americano, Joe Biden, em sua primeira visita ao exterior desde a invasão russa ao seu país, em fevereiro.
Vestindo uniforme militar marrom ao invés de terno, Zelensky foi levado à Casa Branca, em Washington, DC, onde Biden, acompanhado da primeira-dama, Jill, pôs o braço em seu ombro antes de conduzi-lo pela porta, onde guardas seguravam as bandeiras americana e ucraniana.
"Vamos continuar fortalecendo a capacidade da Ucrânia de se defender, principalmente a defesa aérea", afirmou Biden a Zelensky enquanto os dois presidentes estavam sentados perto da lareira do Salão Oval.
Zelensky - cuja desenvoltura com a mídia e atitude resiliente em relação à Rússia o ajudaram a reunir apoio para a causa ucraniana - chegou em um avião militar americano na Base Aérea de Andrews, após uma viagem organizada secretamente por razões de segurança.
Após a conversa com Biden na Casa Branca, o chefe de Estado da Ucrânia falará perante o Congresso, que está finalizando um novo pacote no valor de US$ 45 bilhões em ajuda à Ucrânia para 2023.
"Estou animado por tê-lo aqui", tuitou Biden pouco antes da chegada de Zelensky.
Congressistas americanos compararam a visita de Zelensky com a viagem natalina de Winston Churchill ao Capitólio em 1941, pouco dias depois do ataque japonês a Pearl Harbor, que selou a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial.
"É especialmente comovente para mim estar presente quando outro líder heroico discursa no Congresso em tempos de guerra, e com a própria democracia em jogo", declarou a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, uma ferrenha defensora da Ucrânia.
Antes da chegada de Zelensky, os Estados Unidos anunciaram o envio de mais US$ 1,85 bilhão de fundos previamente orçados em ajuda para a Ucrânia, incluindo pela primeira vez o avançado sistema de defesa aérea Patriot, capaz de abater mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos de curto alcance.
A Ucrânia teme uma avalanche de mísseis russos e tem enfrentado uma série de ataques com drones, muitos deles comprados por Moscou do Irã. As forças russas bombardeiam usinas elétricas e outras infraestruturas civis no momento em que a região começa a ser assolada pelo frio do inverno.
"Continuaremos apoiando a Ucrânia enquanto for necessário para que Kiev possa continuar se defendendo e estar na posição mais forte possível na mesa de negociações quando chegar a hora", declarou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, no comunicado em que anunciou a ajuda.
A caminho de Washington, Zelensky disse através do Twitter que esperava "fortalecer a resiliência e a defesa" da Ucrânia.
Putin também destina fundos
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que novas entregas de armas americanas a Kiev levarão a um "agravamento do conflito" e "não são um bom presságio para a Ucrânia".
Em um discurso televisionado para chefes militares, Putin afirmou que Moscou não tem culpa pela invasão e concordou que a Rússia precisa de um Exército maior.
"A capacidade de combate de nossas Forças Armadas está aumentando constantemente", disse Putin.
"O que está acontecendo é, claro, uma tragédia, a nossa tragédia comum. Mas não é o resultado da nossa política. É o resultado da política de outros países", acrescentou.
"Não temos limites para financiamento. O país e o governo estão dando tudo o que o Exército pede. Tudo", garantiu Putin.
Em 1º de setembro de 2021, antes da guerra, Zelensky já havia sido recebido por Biden no Salão Oval. Na ocasião, o presidente americano prometeu apoiar a ex-república soviética diante da ameaça da Rússia.
Bandeira para o Congresso
Em uma visita à cidade de Bakhmut, leste da Ucrânia e ponto crucial da frente de batalha, Zelensky já havia dado a entender que iria aos Estados Unidos, quando recebeu uma bandeira ucraniana assinada pelos soldados de Kiev.
"Vamos entregá-la ao Congresso dos Estados Unidos, ao presidente dos Estados Unidos. Agradecemos por seu apoio, mas não é o suficiente", declarou, na cidade devastada pelos combates. A guerra, de fato, não dava trégua nesta quarta-feira.
O Estado-Maior ucraniano relatou bombardeios russos no leste e no nordeste do país. Ao menos três pessoas morreram, e 14 ficaram feridas, em ataques nas regiões de Donetsk e de Kherson, segundo as autoridades locais.
O Exército russo afirmou ter capturado "novas colinas" perto de Donetsk, reduto dos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.
Após uma série de reveses militares russos no nordeste e sul da Ucrânia, os combates se concentram atualmente no leste do país.
A Rússia também bombardeia as infraestruturas ucranianas, em particular as instalações do sistema de energia e áreas militares. Os ataques deixaram milhões de ucranianos sem água, luz, ou aquecimento, no início de um inverno rigoroso.
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