O Dia de São Nicolau foi lembrado pelos ucranianos, ontem, em meio à escuridão. "Este santo da Igreja Ortodoxa distribui presentes para todos, especialmente para as crianças. Hoje, bem cedo, os russos nos presentearam com um ataque de drones contra Kiev. Estamos sem eletricidade por todo o dia", contou ao Correio Olexiy Haran, professor de política comparativa da Universidade Nacional de KievMohyla.
Horas após bombardear a capital da Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reuniu-se em Minsk com líder de Belarus, Alexander Lukashenko, e afirmou ao aliado que não pretende anexar o país vizinho. "A Rússia não tem interesse em absorver ninguém. Isso simplesmente não faz sentido", declarou Putin. Ele descreveu os bielorrussos como "os aliados mais próximos" e "parceiros estratégicos" na resistência às sanções ocidentais.
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"Belarus está do lado dos agressores. Putin tenta envolver Lukashenko em uma operação militar terrestre na Ucrânia, mas o bielorrusso resiste, pois entende que seus homens não desejam lutar uma guerra", disse Haran. "Uma invasão à Ucrânia significaria a derrota do Exército de Belarus e poderia agravar a situação política no país de Lukashenko."
Diretor da organização não governamental Eurasia Democracy Initiative (em Kiev), Peter Zalmayev afirmou à reportagem que Lukashenko não mobiliza seus soldados na Ucrânia por temer que a situação se volte contra Minsk. "As tropas de Belarus jamais foram testadas em uma guerra. O conflito também não conta com a simpatia dos bielorrussos. Creio que Lukashenko tentará se desvincular do Kremlin, enquanto Putin buscará controlar diretamente a indústria bélica de Belarus."
O especialista acha que Putin ampliará os ataques para forçar a Ucrânia à negociação. "Ele quer parte de nosso território para declarar a vitória. Não vejo sinais de que isso ocorrerá."