Autoridades da Ucrânia advertiram, ontem, que as forças da Rússia planejam nova grande ofensiva, depois de sofrerem reveses nos últimos meses, os quais incluem a perda de territórios conquistados e ocupados por Moscou. A revista The Economist e o jornal britânico The Guardian divulgaram que o ataque russo deverá partir da região do Donbass (leste), do sul do território ucraniano ou mesmo de Belarus, outra ex-república soviética. O general Valery Zaluzhny, chefe das Forças Armadas Ucranianas, disse ao The Economist que a estratégia do governo de Vladimir Putin envolve mobilizar mais 200 mil soldados. Não se descarta uma tentativa de capturar Kiev pela segunda vez — em fevereiro passado, nos primeiros dias de guerra, as tropas russas fracassaram nesse plano. Ao mesmo tempo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou ontem que os próximos seis meses de guerra serão "decisivos".
"Putin definitivamente deseja compensar suas perdas e seus fracassos na Ucrânia", admitiu ao Correio Olexiy Haran, professor de política comparativa da Universidade Nacional de Kiev-Mohyla. "Ele começou nova mobilização na Rússia, que inclui até mesmo o recrutamento de prisioneiros. Não acho que Putin será bem-sucedido na nova ofensiva. O Exército ucraniano luta por sua própria terra. Essa é uma guerra do povo. Você não pode vencer uma nação que combate pela liberdade", acrescentou.
Haran acredita que os rumos do conflito dependerão do aumento de apoio da comunidade internacional à Ucrânia. "A Rússia conta com mais recursos, enquanto a Ucrânia se beneficia de mais organização e logística. Os ucranianos estão prontos para lutar e creem que possam vencer. Sem a colaboração dos outros países, nosso homens manterão os combates, mas será uma questão de quantos mísseis russos atingirão nossas cidades e quantos de nossos soldados sobreviverão ao rigoroso inverno. Definitivamente, precisamos de ajuda."
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Sanções
Os países da União Europeia (UE) chegaram ontem a um acordo político em Bruxelas, sobre novas sanções contra a Rússia. A informação foi confirmada por fontes diplomáticas do bloco à agência de notícias France-Presse. A Comissão Europeia, braço executivo da UE, havia apresentado há uma semana uma proposta sobre um novo pacote de sanções, que contemplava a inclusão de cerca de 200 indivíduos e entidades russas na lista de restrições.