Washington e Moscou formalizaram, ontem, a segunda troca de prisioneiros em um intervalo de oito meses. Detida em março passado, em Moscou, a jogadora de basquete Brittney Griner, bicampeã olímpica norte-americana, foi solta depois que a Casa Branca acertou a libertação de Viktor Bout, traficante de armas russo que está cumprindo uma sentença de 25 anos nos EUA e que já ganhou o apelido de "Mercador da Morte".
Griner foi presa no aeroporto Sheremetyevo, na capital russa, depois que a polícia anunciou ter encontrado vape contendo óleo de cannabis, um derivado da maconha, em sua bagagem. Em julho, a atleta admitiu que levava os produtos, mas assegurou que não tinha intenção criminosa. Segundo a defesa da jogadora, em declarações escritas, ela portava cannabis para tratar dores.
A despeito das alegações, em 4 de agosto, a medalhista foi condenada a uma pena de nove anos de prisão por posse e contrabando de drogas. A sentença foi considerada excessiva por seus advogados, segundo os quais, em casos semelhantes, aos réus são impostas, em média, pena de cinco anos, com cerca de um terço deles com liberdade condicional.
Retorno
Após o veredito, Brittney Griner foi transferida para uma colônia penal em Yavas, no oeste da Rússia, em setembro. Ontem, formalizada a troca, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comemorou a libertação da atleta. O líder democrata publicou uma fotografia sua com a mulher da jogadora, Cherelle Griner, no Salão Oval da Casa Branca. "Momentos atrás, falei com Brittney Griner. Ela está segura. Ela está em um avião. Ela está a caminho de casa", ressaltava a legenda.
Antes da condenação de Griner, o Departamento de Estado dos EUA havia se manifestado, dizendo que Brittney Griner estava "detida injustamente". Na época, a acusação foi rejeitada com veemência pela Rússia. Em meio à crescente pressão sobre o governo Biden para conseguir a libertação da jogadora, o secretário Antony Blinken revelou publicamente, em julho, que Washington havia apresentado uma "proposta substancial" à Rússia.
Saiba Mais
As relações entre Estados Unidos e Rússia passam por um momento especialmente delicado desde que Vladimir Putin deflagrou a guerra contra a Ucrânia, em 24 de fevereiro passado. Apesar disso, os dois países acertaram, em abril, a libertação por Moscou do veterano dos fuzileiros navais americano Trevor Reed em troca do piloto russo Konstantin Yaroshenko, condenado nos EUA por uma conspiração de tráfico de drogas.
Expoente
Aos 31 anos, Brittney Griner é celebrada como uma das maiores jogadoras de basquete da história dos EUA. Ela foi campeã da WNBA em 2014 pelo Phoenix Mercury e bicampeã olímpica pelos Estados Unidos (nos Jogos do Rio-2016 e de Tóquio, no ano passado). É detentora do maior número de enterradas da liga feminina, com 17 na temporada regular, cinco no All-Star Game e uma vez nos playoffs.
Em Moscou, a atleta participaria da temporada russa de basquete, pelo UMMC Ekaterinburg, no intervalo dos jogos da WNBA, algo considerado comum no meio. Segundo os especialistas, isso decorre, sobretudo, por questões financeiras. Se no basquete masculino, estrelas como Stephen Curry eLeBron James recebem anualmente em torno de US$ 40 milhões (R$ 209 milhões), o teto salarial por temporada na liga feminina é de aproximadamente US$ 228 mil (R$ 1,1 milhão).
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