Estados Unidos

William e Kate chegaram aos EUA, sob a sombra de incidente racista em Buckingham

"O racismo não tem lugar na nossa sociedade", disse um porta-voz dos príncipes em Boston

Boston, Estados Unidos- Os príncipes de Gales, William e Catherine, iniciaram nesta quarta-feira (30) sua primeira visita aos Estados Unidos em oito anos, assombrados por um incidente racista envolvendo uma de suas madrinhas, que insistiu em saber a origem "verdadeira" de uma ativista negra britânica em uma recepção no Palácio de Buckingham, em Londres.

Os príncipes chegaram ao aeroporto internacional de Logan, em Boston, em um voo comercial para uma visita de três dias, marcada pelo tema das mudanças climáticas.

O início da visita do príncipe-herdeiro, de 40 anos, foi ofuscada pelo pedido de afastamento e as desculpas de Susan Hussey, uma de suas seis madrinhas e pessoa de confiança de sua avó, Elizabeth II, por comentários considerados racistas, que relembraram as denúncias feitas por seu irmão, Harry, e a esposa dele, Meghan, que é mestiça, antes de deixarem suas funções reais.

"O racismo não tem lugar na nossa sociedade", disse um porta-voz dos príncipes em Boston, assegurando que estes "comentários são inaceitáveis e é justo que a pessoa tenha se afastado com efeito imediato".

William não se envolveu na decisão, mas "acredita" que foi "o correto" e "não fará comentários", acrescentou o porta-voz.

Os príncipes de Gales foram recebidos aos pés da escadaria do avião pelo governador de Massachusetts, Charlie Baker.

Depois, eles seriam recebidos pela prefeita de Boston, Michelle Wu, pelo enviado americano para o clima, John Kerry, e pela embaixadora americana na Austrália, Caroline Kennedy, na Prefeitura da cidade.

Esta é a primeira visita ao exterior do casal desde que William passou a ser o herdeiro do trono britânico em setembro, quando seu pai se tornou o rei Charles III após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth II.

A última visita do casal aos Estados Unidos remonta a 2014, quando os dois estiveram em Nova York e Washington, uma viagem que incluiu uma recepção na Casa Branca com o então presidente americano, Barack Obama, e seu vice, Joe Biden, hoje chefe do Executivo.

A Casa Branca anunciou que Biden se reunirá com os príncipes de Gales na sexta-feira.

- Prêmios -


"Catherine e eu estamos felizes por voltar aos Estados Unidos", disse o príncipe em sua chegada.

Esta também é a primeira visita ao país desde que seu irmão e a esposa deixaram suas funções na família real em 2020. Não está previsto nenhum encontro entre os irmãos, que estão afastados.

A visita terminará na noite de sexta-feira, com a entrega dos prêmios "Earthshot", uma iniciativa do príncipe para recompensar os melhores projetos ambientais.

Esta é a segunda edição destes prêmios, que vão contemplar cinco projetos inovadores com um milhão de libras (1,2 milhão de dólares) cada um.

São aguardadas na premiação no MGM Music Hall de Boston estrelas como as cantoras Billie Eilish e Annie Lennox, as irmãs Chloe x Halle, e o ator Rami Malek.

Outros compromissos incluem reuniões com autoridades locais para abordar o aumento do nível das águas na cidade costeira do Atlântico Norte.

Os príncipes também vão se reunir com assistentes sociais que trabalham com jovens portadores de deficiências e visitar um laboratório especializado em tecnologias verdes.

Mas a visita é marcada pela sombra das palavras de sua madrinha, Susan Hussey, que foi durante décadas dama de companhia de Elizabeth II e uma de suas auxiliares de confiança, que a acompanhou no carro para o funeral de seu marido, em abril de 2021.

A rainha consorte, Camilla, manteve Hussey, embora tenha renunciado à comitiva de damas de companhia.

Viúva de um ex-presidente da BBC, seu personagem aparece, inclusive, em um episódio da última temporada da série "The Crown", da Netflix.

Nesta quarta-feira, Ngozi Fulani, diretora da organização de defesa das vítimas da violência de gênero Sistah Space, explicou que uma pessoa da comitiva real, que identificou como "Lady SH", tinha perguntado insistentemente sobre sua origem durante uma recepção oferecida na véspera pela rainha consorte no Palácio de Buckingham.

Após responder que tinha nascido e crescido no Reino Unido, a mulher insistiu: "Não, mas de onde vem na África?", "Quando vieram pela primeira vez?".

Outra ativista, Mandu Reid, do Partido para a Igualdade das Mulheres, testemunhou o fato, que qualificou de "penoso" e de "interrogatório".

- 'Inaceitável' -


O Palácio de Buckingham levou o incidente de terça-feira "extremadamente a sério" e tachou os comentários de "inaceitáveis e realmente lamentáveis".

"Fizemos contato com Ngozi Fulani e a estamos convidando para falar de sua experiência pessoalmente, se assim desejar", informou em nota.

"A pessoa em questão [a Sra. Hussey] deseja expressar suas mais profundas desculpas e deixou sua função honorária com efeito imediato", assegurou o comunicado, destacando que todos os membros da família real foram "lembrados de que são obrigados a observar o tempo todo as políticas de diversidade e inclusão".

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