Com 93 votos a favor, 30 contra e uma abstenção, o Congresso da República do Peru aprovou, na noite de ontem, a reforma constitucional que permitirá antecipar as eleições gerais de 2026 para abril de 2024. A mudança precisava do apoio de 87 legisladores e contempla também que a atual governante, Dina Boluarte, entregue o mandato ao ganhador do novo pleito em julho de 2024. Ontem, ela prometeu estar em condições de deixar o poder no prazo estabelecido.
A manobra é uma tentativa de resolver a crise provocada pelo autogolpe de Estado fracassado do ex-presidente Pedro Castillo, que acabou destituído pelo próprio Congresso. A detenção de Castillo deflagrou violentos protestos em várias cidades do país. Pelo menos 21 pessoas morreram e 650 ficaram feridas nos confrontos com as forças de segurança. O ex-líder esquerdista cumprirá prisão preventiva de 18 meses.
A votação por parte dos parlamentares coincidiu com um imbróglio diplomático entre o Peru e o México. O chanceler do México, Marcelo Ebrard, confirmou que a mulher e os filhos de Castillo se refugiaram na embaixada mexicana em Lima. Em reliação, o governo peruano declarou “persona non grata” o embaixador mexicano e lhe deu “72 horas para deixar” o território peruano. Lilia Paredes, mulher de Castillo, é investigada pelo Ministério Público do Peru como possível coordenadora de uma suposta organização criminal que seria liderada por seu marido.
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Críticas
Vice-presidente do Congresso, Martha Moyano explicou ao Correio que 70% dos peruanos estão empregados na informalidade. “As pessoas buscam o seu sustento diário. Muitas mulheres são líderes populares e, quando saem para protestar, o fazem para garantir acesso aos programas de governo. O que temos nas ruas, hoje, não são lideranças populares, mas um grupo radical que busca tornar a incendiar o país, como ocorreu na década de 1980”, comentou. “Por desgraça, há 21 mortos. Os membros do partido Perú Libre, de Castillo, exigem a convocação da Assembleia Consituinte. Querem arrastar a nação para se transformar em uma Venezuela”, acrescentou.
Moyano descartou a instalação de uma Constituinte e lembrou que a Carta Magna, de 1993, busca garantir o desenvolvimento do Peru e defender direitos humanos fundamentais. “Ela pretende assegurar os investimentos privados, a fim de gerar recursos e empregos”, destacou. “O Congresso aprovou recortar o mandato para 2024. Precisamos votar a proposta na nova Legislatura, provavelmente em março.”
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