Lisboa — Depois da temporada de incêndios, no verão, que fez estragos e deixou vários mortos, Portugal enfrenta, agora, chuvas torrenciais, que deixaram metade do território luso debaixo d’água. As perdas são enormes e exigirão uma ação coordenada por todos os níveis de governo para minimizar os prejuízos de famílias e empresas. Muitas pessoas perderam as casas e empresários viram seus negócios serem engolidos pela lama. A capital portuguesa foi uma das regiões mais afetadas. Nas últimas 24 horas, choveu o esperado para todo o mês de dezembro. Na semana passada, as tempestades já haviam provocado inundações.
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De Norte a Sul de Portugal, os alagamentos se tornaram frequentes. A situação se complicou de uma tal forma, que prefeitos de várias cidades pediram aos cidadãos que não saíssem de casa, pois os riscos de acidentes eram grandes. Escolas suspenderam as aulas, boa parte do comércio fechou, estradas tiveram de ser interditadas, serviços de transporte marítimo foram limitados e empresas recomendaram a seus funcionários que trabalhassem de casa. A perspectiva, segundo o chefe da Defesa Civil, André Fernandes, é de que as chuvas continuem a provocar inundações até pelo menos quinta-feira. O Natal, segundo ele, será debaixo d’água.
Proprietários de lojas e unidades industriais fazem as contas das perdas, sem saber ao certo como retomarão seus negócios. Pelos cálculos da brasileira Sílvia Caetano, dona da Light Design, totalmente destruída, seu prejuízo passa de 500 mil euros (R$ 2,8 milhões). Entre as famílias, o lamento é grande. Muitas ficaram sem ter onde morar da noite para o dia. As casas foram soterradas pela lama, móveis e eletrodomésticos se perderam. Em algumas regiões, os Bombeiros tiveram de agir rápido para resgatar cidadãos que não conseguiam sair das residências, totalmente bloqueadas. Houve também pedidos para socorro a animais.
Contando prejuízos
O prefeito de Lisboa, Carlos Moedas, conclamou o governo federal a liderar o processo de recuperação das cidades e a construir um túnel para melhorar o escoamento de água na capital. O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, disse não ser possível ainda acionar o Fundo de Solidariedade da União Europeia, causando a ira de políticos da oposição e mesmo de integrantes de seu partido, o PS. “Acionaremos se e quando estiverem verificados os requisitos”, afirmou. “Portugal acionou (o fundo) sempre que se verificaram os requisitos para fazê-lo. Ora, o primeiro requisito é conhecer as estimativas de danos. Portanto, não é possível acioná-lo sem previamente apurar o montante dos danos”, frisou.
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Os climatologistas atribuem as chuvas torrenciais às mudanças climáticas e reconhecem que são inevitáveis. Portugal, vinha enfrentando um longo período de seca, com incêndios gravíssimos, agora, está sendo obrigado a lidar com tempestades pesadas. Segundo eles, esses eventos extremos serão cada vez mais frequentes. A recomendação é que os governos se antecipem aos fatos e criem estruturas consistentes para minimizar os efeitos sobre a população. Um sistema de drenagem eficiente é fundamental. Cidades como Lisboa cresceram demais e não se prepararam para a nova realidade. “Estamos conscientes do que é preciso fazer para evitar tantos transtornos à população”, assinalou Moedas.
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As cenas de destruição assustaram a população, que foi surpreendida com a força das águas. Todos os rios do país, que, até bem pouco tempo, estavam quase vazios, atingiram níveis máximos e estão transbordando. Não à toa, muitos carros foram arrastados e túneis, alagados. O pedido do governo é para que se evite a circulação nas áreas mais afetadas pelas chuvas, como Lisboa a Algés, que fica na região metropolitana da capital. “Pedimos calma a todos, mas também recomendamos que fiquem longe das áreas mais afetadas”, complementou o chefe da Defesa Civil.
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