NOVO GOVERNO

Nova presidente do Peru, Dina Boluarte, nomeia ministros e admite eleições

Manifestantes ganham as ruas promovendo protestos violentos e bloqueiam estradas. Pesquisas recentes mostram que 86% dos peruanos desaprovam atual composição do Parlamento

Correio Braziliense
postado em 11/12/2022 06:00
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

A nova presidente do Peru, Dina Boluarte, apresentou ontem seu governo, de perfil independente, enquanto manifestações exigindo novas eleições continuavam nas ruas, após a destituição do presidente Pedro Castillo. Vice-presidente até a destituição de Castillo, Boluarte designou o advogado e ex-procurador especialista em combate à corrupção Pedro Angulo como chefe de seu gabinete, formado por 19 ministros.

A embaixadora Ana Cecilia Gervasi será a nova ministra das Relações Exteriores. Já para a pasta de Economia e Finanças, Boluarte nomeou Alex Contreras. Na Defesa, foi nomeado Luis Otárola, que ocupou a pasta no mandato do presidente Ollanta Humala (2011-2016).

Entre os 19 ministros, oito são mulheres, mas ainda falta designar os responsáveis pelas pastas de Trabalho e Transportes e Comunicações. A incorporação de ministros com perfil mais técnico do que político, conforme demanda do Congresso, pode abrir espaço para a trégua solicitada por Boluarte.

"A consolidação da democracia, do Estado de Direito, o equilíbrio de poderes e a governabilidade no país serão os fundamentos do meu governo", declarou Boluarte em seu primeiro discurso como presidente. Baluarte foi empossada como a primeira mulher presidente do Peru poucas horas depois de Castillo, que enfrentava uma série de investigações por corrupção, ser deposto em uma votação do Congresso.

Castillo tentou evitar essa votação, a terceira contra ele desde que assumiu o cargo há 18 meses, anunciando a dissolução do Parlamento e anunciando que governaria por decreto. Mas suas ordens foram ignoradas pelo Congresso e pelas Forças Armadas.

"A Constituição foi violada", disse José Williams, chefe do Congresso, ao justificar a destituição de Castillo, detido por sua própria escolta enquanto se dirigia à embaixada mexicana para solicitar asilo político e colocado em prisão preventiva por sete dias na última quinta-feira. O Ministério Público o acusa de rebelião e, se for considerado culpado, pode pegar entre 10 e 20 anos de prisão.

Para irritação de Lima, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, expressou apoio a Castillo, dizendo que foi vítima de um golpe branco e oferecendo-lhe asilo. Também ontem, seu ministro das Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, disse que oferecer asilo faz parte da tradição diplomática do México.

"A Constituição foi violada", disse José Williams, chefe do Congresso, ao justificar a destituição de Castillo, detido por sua própria escolta enquanto se dirigia à embaixada mexicana para solicitar asilo político e colocado em prisão preventiva por sete dias na última quinta-feira. O Ministério Público o acusa de rebelião e, se for considerado culpado, pode pegar entre 10 e 20 anos de prisão.

Para irritação de Lima, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, expressou apoio a Castillo, dizendo que foi vítima de um golpe branco e oferecendo-lhe asilo.

Neste sábado, seu ministro das Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, disse que oferecer asilo faz parte da tradição diplomática do México.

Protestos violentos

No interior do Peru, os protestos tomaram um rumo violento, com confrontos entre milhares de manifestantes e policiais na cidade de Andahuaylas, no sul, na região de Apurímac, cidade natal de Boluarte. Um policial foi feito refém. Ele teve o rosto escondido e foi amarrado a um pedaço de pau, segundo imagens da televisão.

A delegacia de Andahuaylas confirmou à AFP que o refém era um policial, que foi agredido com pedras por manifestantes exaltados.

"Pedimos calma diante dos acontecimentos que vêm ocorrendo em Andahuaylas. Pedimos respeito e tranquilidade à população que faz uso de seu direito de protestar. Rejeitamos qualquer ato de violência que coloque em risco a integridade da pessoa humana correndo risco", tuitou a Polícia Nacional. Em Arequipa, cerca de 1.000 km ao sul de Lima, grupos de garimpeiros marchavam em direção à capital peruana.

Em Lima, milhares de manifestantes que tentaram chegar à sede do Congresso nesta quinta e sexta-feira foram contidos pelas forças de ordem. A polícia usou gás lacrimogêneo para acabar com a mobilização, que deixou alguns detidos.

Os últimos acontecimentos levaram a polícia a anunciar a suspensão das férias e licenças de seus agentes até nova ordem. Na base da polícia onde o ex-presidente está detido por ordem judicial, dezenas de apoiadores de Castillo faziam vigília exigindo a sua libertação. Boluarte teve três dias de negociações com líderes das bancadas de partidos de direita no Congresso, diante da rejeição da esquerda a se unir às negociações. Sua decisão de governar até o fim do mandato de Castillo, em 28 de julho de 2026, está na origem de seus novos problemas.

A demanda por novas eleições está ligada a uma rejeição esmagadora do Congresso: pesquisas realizadas em novembro mostram que 86% dos peruanos desaprovam o Parlamento. Boluarte não descartou convocar eleições antecipadas em busca de uma solução pacífica para a crise política, e pediu calma à população.

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