As buscas por informações sobre Pedro Castillo, presidente destituído após tentar dissolver o Congresso do Peru, tiveram um aumento de 9700% nas últimas 24 horas, segundo o Google Trends. Além das pesquisas sobre o processo de impeachment e a tentativa de golpe, os brasileiros buscaram também pelas posições políticas de Castillo — se ele é de direita ou esquerda.
Castillo se elegeu presidente em 2021 pelo partido Perú Libre, uma sigla que se classifica como de esquerda e “marxista-mariateguista” — com influência do filósofo Karl Marx e do militante latinoamericano José Carlos Mariátegui.
No entanto, Castillo saiu do partido em 30 de junho deste ano, após pedido da própria sigla, que passou a atuar na oposição ao governo. O Perú Libre acusou Castillo de implementar um "programa neoliberal perdedor" e de dar um "giro à direita".
“Existe um inocultável giro político do governo e seu gabinete para o centro-direitismo, onde aumentaram os representantes ‘caviares’, que usufruem do financiamento exterior, de patrões e empresários e do próprio Estado”, diz a nota do Perú Libre. “Integram essa composição partidos sem registro, sustentados por ONGs norte-americanas, que têm governado com os quatro últimos governos e agora com o atual”, completa a nota.
Castillo não tinha história dentro do Peru Libre. Ele foi convidado, em 2020, por Vladimir Cerrón, presidente do partido, para ingressar na sigla e disputar à presidência. Castillo já havia manifestado interesse em criar um partido próprio, formado a partir do apoio de sindicatos.
Conservador nos costumes
Castillo costuma ser descrito como conservador em aspectos sociais, mas promove valores de esquerda em questões econômicas e políticas. Na disputa eleitoral de 2021, Castillo defendeu que a economia peruana deve ser construída de “baixo para cima” e que processos de estatização devem ser ampliados, com foco nas companhias de mineração.
Por outro lado, Castillo se posicionou contra o casamento LGBTQIA+, o aborto e o que ele e políticos brasileiros chamam de “ideologia de gênero”. Ele também é contra a liberação da entrada de refugiados venezuelanos no Peru e diz que eles “roubam empregos dos peruanos”.
Castillo se destacou no cenário nacional peruano na greve de professores de 2017, o movimento durou cerca de três meses e pedia aumento de salário à categoria profissional.
Pedro Castillo nasceu em 19 de outubro de 1969, na cidade de Puña. Ele é professor e líder sindical, começando a atuar em escola primária rural em 1995. Ele também foi diretor de uma escola na cidade natal. A trajetória na educação fez, portanto, que Castillo trilhasse um caminho de ativismo pela causa.
Tentativa de golpe
Na tarde desta quarta-feira (7/11), Pedro Castillo anunciou que pretendia dissolver o congresso peruano e convocar novas eleições. O presidente também declarou estado de emergência no país e impôs um toque de recolher para os cidadãos, das 22h às 4h. No entanto, horas depois o Congresso abriu um processo de impeachement e afastou o então presidente por 101 votos favoráveis, contra 6 parlamentares contrários e 10 abstenções. Mais tarde, ele foi preso pela Polícia Nacional do Peru.
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