Estados Unidos

Empresa de Trump é condenada por fraude fiscal em Nova York

Condenação pode representar um duro golpe em sua reputação e prejudicar sua tentativa de voltar à Casa Branca em 2024

Agência France-Presse
postado em 07/12/2022 09:06 / atualizado em 07/12/2022 09:06
 (crédito:  STRINGER / AFP)
(crédito: STRINGER / AFP)

Nova York, Estados Unidos- A empresa da família de Donald Trump, a Trump Organization, foi considerada culpada nesta terça-feira (6) de fraude e evasão fiscal por um júri de Nova York - um duro golpe para o ex-presidente, que pretende retornar à Casa Branca.

Após um mês de audiências, o júri declarou a Trump Corporation e a Trump Payroll Corporation "culpadas de todas as acusações", informou o promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, no Twitter.

"Trata-se de um caso de cobiça e fraude. Em Manhattan, nenhuma empresa está acima da lei", disse Bragg em um comunicado, no qual assinalou que esta é a primeira vez que uma empresa de propriedade de Trump foi condenada criminalmente.

Embora a Justiça limite-se a impor uma multa, que pode chegar a 1,5 milhão de dólares, o que não afetará muito as finanças do bilionário, esta condenação pode representar um duro golpe em sua reputação e prejudicar sua tentativa de voltar à Casa Branca em 2024.

O júri reconheceu que a Trump Organization - que atualmente é comandada por dois de seus filhos, Donald Jr. e Eric - pagou retribuições econômicas, sem declará-las, aos altos executivos entre 2005 e 2021.

"Não concordamos com o veredicto do júri", disse à AFP Susan Necheles, advogada da equipe dos Trump, que anunciou que irão recorrer da decisão.

- "Trama criminosa" -


O ex-diretor financeiro da empresa e próximo de Donald Trump, Allen Weisselberg, tinha se declarado culpado no dia 18 de agosto de 15 acusações por fraude e evasão de impostos, totalizando 1,76 milhão de dólares em receitas não declaradas entre 2005 e 2021.

O ex-executivo, de 75 anos, que trabalhava para Trump desde 1973, foi uma das principais testemunhas e admitiu ter idealizado o esquema com a companhia para receber benefícios não declarados como o usufruto de um apartamento em um bairro chique de Manhattan, carros de luxo para ele e sua esposa, e o pagamento de matrículas em uma escola particular para seus netos.

Segundo o acordo alcançado com a promotoria, Weisselberg aceitou pagar quase 2 milhões de dólares em multas e uma condenação de cinco meses de prisão em troca de seu testemunho no julgamento, que teve início em outubro.

"Durante 13 anos, a Trump Corporation e a Trump Payroll Corporation operaram um esquema que recompensava os altos executivos com regalias luxuosas e compensações econômicas enquanto ocultava intencionalmente esses benefícios das autoridades fiscais para evitar o pagamento de impostos", disse Bragg.

O veredicto de hoje "responsabiliza essas empresas de Trump por sua longa trama criminosa, assim como o diretor financeiro Allen Weisselberg, que se declarou culpado, testemunhou no julgamento e agora será condenado a penas de prisão", garantiu o promotor.

- "Caça às bruxas" -


Em comunicado, Trump classificou a decisão como "a maior caça às bruxas política da história do país" e alegou que o caso afeta exclusivamente Allen Weisselberg. A família Trump, segundo o ex-presidente, não "sabia de nada".

Pessoalmente, Donald Trump, de 76 anos, não é acusado neste caso, mas é alvo, juntamente com três dos seus filhos mais velhos, de outra investigação civil instaurada pela procuradora-geral de Nova York, a democrata Letitia James, que os acusa de mentir à Receita, aos credores e às seguradoras em um esquema que alterava o valor de suas propriedades para enriquecer".

Este julgamento é um dos muitos processos criminais e civis enfrentados por Trump, que foi convocado para testemunhar pela comissão do Congresso que investiga o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Em outro caso, ele enfrenta acusações do Departamento de Justiça por possível obstrução da justiça e ocultação de documentos confidenciais retirados da Casa Branca.

Da mesma forma, o ex-presidente sentará no banco dos réus em abril em Nova York, acusado de difamação por uma jornalista, que afirma ter sido estuprada por ele na década de 1990.

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