O presidente russo, Vladimir Putin, disse ao chefe de Governo alemão, Olaf Scholz, nesta sexta-feira (2) que os ataques em massa da Rússia às infraestruturas de energia da Ucrânia são "necessários e inevitáveis" e denunciou a postura "destrutiva" do Ocidente em apoiar o governo ucraniano.
"As Forças Armadas russas evitaram, por muito tempo, atacar com mísseis de alta precisão certos alvos na Ucrânia, mas tais medidas se tornaram necessárias e inevitáveis diante dos ataques provocadores de Kiev", afirmou o Kremlin em uma nota, em um resumo das declarações de Putin a Scholz após sua primeira conversa desde setembro.
Scholz pediu a Putin que retire suas tropas da Ucrânia para alcançar uma "solução diplomática".
Durante a conversa telefônica de uma hora entre os dois líderes, Scholz "pediu ao presidente russo que encontre uma solução diplomática o mais rápido possível, o que envolve a retirada das tropas russas", disse o porta-voz do governo, Steffen Hebestreit, em um comunicado.
Para Putin, a posição do Ocidente é "destrutiva", já que com seu apoio político, financeiro e militar, "Kiev rejeita a ideia de qualquer negociação" e "incita os ucranianos nacionalistas radicais a cometerem crimes sangrentos".
O presidente russo também pediu a Scholz que "revise sua posição no contexto dos eventos ucranianos".
De acordo com Putin, a Ucrânia é responsável pelas explosões que destruíram parcialmente a ponte russa da Crimeia e as instalações de energia russas e, portanto, Moscou tem o direito de bombardear as infraestruturas energéticas da Ucrânia.
A última onda de bombardeios russos contra a Ucrânia foi em 23 de novembro. Os ataques deixaram milhões de ucranianos sem luz, ou água, e algumas áreas foram afetadas por vários dias. Na quinta-feira, a operadora privada DTEK disse que Moscou destruiu "40% do sistema de energia ucraniano". A maioria dos lares ucranianos tem apenas algumas horas de eletricidade por dia.
- Teto de preços para o petróleo? -
O Kremlin também rejeitou as condições colocadas, ontem, pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para tratar com Putin. O líder americano disse estar “disposto a conversar” com ele, mas apenas se for para buscar “uma forma de acabar com a guerra” e se retirar suas tropas do país.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, observou que a Rússia rejeitou essas condições.
"A operação militar especial vai continuar", insistiu, usando a terminologia usada pelo Kremlin para se referir à ofensiva na Ucrânia.
No final de setembro, o presidente russo decretou a anexação de quatro regiões da Ucrânia, apesar de não ter o controle total desses territórios. Em 2014, a península da Crimeia foi anexada.
A Ucrânia rejeita qualquer negociação com Putin se sua integridade territorial, incluindo a Crimeia, não for respeitada.
Nas últimas semanas, os militares russos sofreram vários reveses militares. Tiveram de se retirar do norte do país em abril; de uma parte do nordeste, em setembro; e de uma parte do sul, em novembro.
Em uma aparente represália, as forças russas bombardeiam as instalações elétricas do país desde outubro.
Enquanto isso, países ocidentais continuam tentando minar os meios de Moscou para financiar a guerra, impondo sanções. A União Europeia pretende, por sua vez, adotar um projeto para limitar os preços do petróleo russo.
Embora as sanções adotadas desde fevereiro tenham isolado a Rússia, em larga medida, sua economia tem-se mantido, sobretudo, pela receita procedente dos hidrocarbonetos.
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