PALÁCIO DE BUCKINGHAM

Família real: Integrante do séquito do rei é denunciada por racismo e se demite

Ngozi Fulani relatou que uma pessoa do séquito havia lhe perguntado insistentemente sobre suas origens durante o evento para aumentar a conscientização sobre a violência contra mulheres e meninas

Correio Braziliense
postado em 01/12/2022 03:00
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

Uma importante integrante da comitiva real britânica pediu demissão, na quarta-feira (30/11), após denúncia de que teria feito "comentários inaceitáveis" sobre as origens de uma ativista negra durante uma recepção no Palácio de Buckingham. Ngozi Fulani, diretora da organização de defesa das vítimas de violência de gênero Sistah Space, relatou que uma pessoa do séquito havia lhe perguntado insistentemente sobre suas origens durante o evento para aumentar a conscientização sobre a violência contra mulheres e meninas oferecido, no dia anterior, pela rainha consorte, Camilla.

Na acusação feita em sua página no Twitter, a ativista se referiu à mulher como Lady SH, e veículos de imprensa britânicos a identificaram como Susan Hussey, 83 anos, que é madrinha de William e foi, durante décadas, dama de companhia de Elizabeth II. Camilla suprimiu a figura das damas de companhia, mas Hussey foi mantida como membro da comitiva.

Fulani escreveu que, 10 minutos após a sua chegada, uma mulher mexeu em seu cabelo para ver a identificação que levava presa ao peito, perguntando-lhe de onde era. A ativista informou que havia nascido e crescido no Reino Unido e, segundo ela, a mulher insistiu: "Não, mas de onde vem na África?", "Não, mas de onde é realmente, de onde é seu povo?", "Quando vieram pela primeira vez?". Fulani contou, ainda, que ela e suas duas acompanhantes ficaram "atordoadas e sem palavras".

O palácio real disse levar "extremamente a sério" a denúncia. "Foram feitos comentários inaceitáveis e realmente lamentáveis", admitiu, em nota, acrescentando que "a pessoa em questão deseja expressar suas mais profundas desculpas e deixou sua função honorária com efeito imediato".

O caso coincidiu com o início da primeira viagem de William como príncipe-herdeiro aos Estados Unidos, onde seu irmão, Harry, mora desde 2020 com a esposa, a ex-atriz Meghan Markle, que é mestiça. O casal deixou a família real britânica alegando, entre outras coisas, ter sido alvo de comentários racistas.

A jornalistas, um porta-voz de William e de sua esposa, Catherine, em Boston disse que ficou "muito decepcionado com o ocorrido". "Obviamente, não estava lá, mas acho que é importante, para mim, esclarecer que o racismo não tem cabimento na nossa sociedade", acrescentou.

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