Democratas do partido do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comemoraram, ontem, a manutenção do controle do Senado nas eleições de meio de mandato, um resultado que abala seus rivais republicanos, enquanto Donald Trump se prepara para uma possível nova candidatura presidencial em 2024. A senadora dos EUA Catherine Cortez Masto (D-NV) comentou a vitória no Carpenters International Training Center em 13 de novembro de 2022 em Las Vegas, Nevada.
"É motivo de comemoração", disse uma sorridente Nancy Pelosi, líder dos democratas na Câmara dos Representantes, à CNN, depois que a reeleição da senadora Catherine Cortez Masto no estado de Nevada foi anunciada no sábado.
"Quem teria pensado há dois meses que aquela 'onda vermelha' se tornaria uma gota muito pequena", brincou Pelosi, referindo-se à cor do Partido Republicano.
Diante da alta inflação e da impopularidade de Biden, líderes republicanos chegaram a prever um "tsunami" vermelho durante a votação de 8 de novembro.
Onipresente na campanha, Trump tinha como objetivo surfar a onda republicana para fortalecer sua nova candidatura à Casa Branca. Um "grande anúncio" ainda é esperado amanhã, mas seu humor mudou.
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Trump atribuiu a derrota a Mitch McConnell, líder dos republicanos no Senado, um forte aliado durante seu mandato, mas de quem se distanciou desde o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, por partidários do magnata.
"Ele estragou a eleição e todos o desprezam", disse o ex-presidente republicano em rede social, criticando McConnell por não gastar o suficiente na campanha de Blake Masters, apoiado por Trump no Arizona.
A derrota de Masters, assim como de outra das fichas de Trump em Nevada, permite que os democratas mantenham 50 assentos dos 100 no Senado e, portanto, lhes dá o domínio da Câmara alta, já que a vice-presidente Kamala Harris tem o voto de desempate.
Esse resultado ilumina o horizonte de Biden. "Sinto-me bem e estou esperançoso com os próximos dois anos", disse o presidente, de Phnom Penh, no Camboja, onde se encontrou com líderes asiáticos antes de viajar para a cúpula do G20, em Bali.
Os democratas começam até a sonhar em manter maioria na Câmara dos Representantes. "Ainda achamos que temos chances de vencer", afirmou Pelosi, enquanto os resultados ainda são aguardados em cerca de vinte distritos eleitorais. Os republicanos detêm, atualmente, 211 dos 218 assentos necessários para garantir uma maioria, enquanto os democratas teriam entre 204 e 206.
Entre os republicanos, Trump não é o único incomodado. "O velho partido está morto, é hora de enterrá-lo", tuitou o senador Josh Hawley, uma figura republicana de direita, que pediu "a construção de algo novo". Outros aliados de Trump quererem desafiar os líderes do partido no Congresso, cujos cargos estarão em disputa em breve.
Entre os moderados, o governador de Maryland, Larry Hogan, apresentado como possível adversário de Trump em 2024, atribui o fiasco ao bilionário republicano.
"Esta é a terceira eleição consecutiva que Donald Trump nos fez perder", criticou Hogan, no domingo, à CNN. "Estou cansado de perder", disse ele, retomando um pouco da retórica que ganha força nos últimos dias na mídia conservadora.
Aos 76 anos, Trump ainda mantém popularidade com parte do eleitorado republicano e as pesquisas, até agora, mostram que ele ainda venceria uma primária republicana. O ex-presidente dos EUA é alvo de várias investigações por seu papel no ataque à sede do Congresso e por sua gestão dos arquivos secretos da Casa Branca. No entanto, um anúncio de nova candidatura, que deve acontecer amanhã, tornaria uma possível acusação mais sensível.