México

México: perfil do país com a segunda maior economia latino-americana

O México tem a segunda maior economia da América Latina, uma das 15 maiores do mundo e é um grande exportador de petróleo

Dotado de uma cultura milenar, o México abrigou algumas das mais importantes civilizações do período pré-hispânico, ou seja, anterior à chegada dos europeus às Américas. Essas culturas incluem os astecas, olmecas, izapas, maias, zapotecas, mixtecas, huastecas, purépechas, totonacs e toltecas.

Ao longo de milhares de anos, esses povos floresceram na zona conhecida como Mesoamérica, que inclui o sul do México, a Península de Yucatán (onde fica a cidade de Cancún), Guatemala, Belize, El Salvador e as zonas costeiras de Honduras, Nicarágua e Costa Rica. Seu legado contém algumas das contribuições mais importantes para o patrimônio histórico mundial.

Entre 2.000 a.C e 1697 d.C, os maias habitaram a região sudeste do México, assim como toda a Guatemala e Belize. Eles desenvolveram um dos mais sofisticados sistemas de escrita da América pré-colombiana, e ficaram conhecidos por sua arte, arquitetura, matemática, calendário e sistema astronômico.

Os astecas floresceram entre 1300 e 1521. As ruínas de sua capital, Tenochtitlán, estão localizadas na atual Cidade do México.

O México declarou sua independência em 1821, ao fim de uma sangrenta década de luta contra os espanhóis. Em 1845, os Estados Unidos anexaram a área do atual Texas. Na guerra que se seguiu, o México foi derrotado e perdeu territórios que hoje incluem a Califórnia, Nevada, Novo México, Arizona e Utah.

A Revolução Mexicana de 1910, sete anos antes da vitória dos bolcheviques na Rússia, pôs fim a 35 anos da ditadura militar de Porfírio Diaz. Seus líderes defendiam a reforma agrária, expropriação dos latifúndios, expansão do voto e valorização da cultura indígena.

Muitos desses objetivos foram alcançados em parte, mas muitos problemas persistiram. Ao longo do século, o México vivenciou uma deterioração do regime político dominado pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou por 70 anos, de tendência conservadora.

O México tem a segunda maior economia da América Latina, uma das 15 maiores do mundo e é um grande exportador de petróleo.

Mas a prosperidade não chega a todos e a pobreza é alta nas zonas rurais e periferias das zonas urbanas. Vários carteis disputam entre si o controle do tráfico de drogas em diferentes partes do país. A violência aflige principalmente a fronteira norte, onde milhares de mexicanos desiludidos tentam migrar para os Estados Unidos.

O país assumiu importância crescente na indústria cultural no século 21 com o avanço de sua produção cinematográfica. Três diretores mexicanos - Alfonso Cuarón, Alejandro González Iñarritu e Guillerme del Toro - ganharam Oscars de melhor diretor - Cuarón e González Iñarritu duas vezes cada.

FATOS

LÍDER

Presidente: Andrés Manuel López Obrador

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Andrés Manuel López Obrador, conhecido popularmente no país como AMLO, obteve uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais de julho de 2018. Para alguns analistas, ele é considerado o expoente de uma nova onda de esquerda na América Latina, após vários governos de direita na região.

AMLO foi eleito com uma plataforma de combate à corrupção e aos efeitos econômicos de décadas de política econômica de livre mercado. Para o presidente, tais políticas resultaram em maior desigualdade social e níveis endêmicos de violência, forçando muitos jovens mexicanos a buscar melhores condições de vida no exterior.

López Obrador foi prefeito da Cidade do México e se candidatou à presidência em duas ocasiões anteriores - perdendo para Enrique Peña Nieto, do PRI, de centro-esquerda, em 2012.

Para dar um exemplo de probidade pessoal, suas primeiras medidas no cargo incluíram uma redução do próprio salário e a venda do avião oficial. Ele também se recusou a usar a tradicional residência de Los Pinos, afirmando que o conjunto de mansões e escritórios de luxo não era condizente com um governo voltado para os pobres.

MÍDIA

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O México é considerado um dos países mais perigosos para profissionais de imprensa

Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), "ano após ano, o México continua sendo um dos países mais perigosos e mortais do mundo para os jornalistas". Embora a liberdade de imprensa seja garantida por lei, na prática a censura é exercida por meio de ameaças ou ataques diretos a jornalistas.

Desde 2000 e até 2022, mais de 150 jornalistas haviam sido mortos no país, ainda de acordo com a RSF. A violência é cometida tanto pelos carteis de crime organizado quanto pelas autoridades corruptas que atuam em conluio.

Além disso, aponta a organização, o México é um dos países com maior concentração midiática do mundo. O setor de telecomunicações é dominado pela Telmex. O de rádio e televisão, pela Televisa. O grupo Organización Editorial Mexicana, que possui 70 jornais diários, 24 estações de rádio e 44 sites, é outro ator importante. Nesse contexto, os pequenos veículos independentes têm muita dificuldade de se estabelecer e até mesmo de existir.

A entidade diz que não apenas López Obrador não iniciou reformas para conter a espiral de violência contra a imprensa, como adota uma retórica violenta e estigmatizante contra jornalistas.

RELAÇÕES COM O BRASIL

Brasil e México mantêm relações diplomáticas desde 1825. Através de sua mãe, a imperatriz Maria Leopoldina, Dom Pedro 2º era primo do imperador Maximiliano, que governou o México por três curtos anos antes de ser executado pelos republicanos em 1867.

Ambos os países se tornaram independentes sob inspiração do Iluminismo e da Revolução Francesa.

As duas maiores economias da América Latina cooperam em diversos âmbitos internacionais, incluindo fóruns regionais de cooperação, entidades multilaterais como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e grupos de coordenação política e econômica, como o G-20.

Desde 1994, o México faz parte da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um clube ao qual o Brasil aspira um dia pertencer.

Devido, em parte, às suas posições geográficas distintas, Brasil e México veem o mundo por prismas diferentes. O México compõe o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, em inglês) com Estados Unidos e Canadá. Já no Brasil muitos setores se opuseram nos anos 1990 à criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), um bloco econômico que integraria todo o continente.

Tanto o Brasil quanto o México experimentaram processos de industrialização voltados para seus mercados internos. Isso não impediu, porém, que os dois países assinassem acordos em inúmeras áreas, incluindo comercial, científica, turística, educacional, meio ambiente, combate às drogas e fiscal.

As percepções mútuas são influenciadas pela cultura popular, incluindo a música, as artes plásticas e as telenovelas - produtos de exportação de ambos os países. O carro do personagem senhor Barriga, no popular seriado "Cháves", é uma Brasília, produto de exportação brasileiro.

Muitos mexicanos amantes do futebol recordam com afeto que o Brasil conquistou o seu tricampeonato mundial no Estádio Azteca em junho de 1970, com uma performance histórica do elenco que incluía Jairzinho, Pelé, Gérson, Tostão e Rivelino.

LINHA DO TEMPO

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Ruínas de Teotihuacán, a 40km da Cidade do México, formam uma parte da cultura milenar mexicana

Importantes datas na história do México:

Séculos 3 a 7 - Auge da civilização maia, considerada uma das mais desenvolvidas das Américas no período anterior à chegada dos europeus.

Séculos 14 a 16 - Consolidação da civilização asteca, herdeira dos povos que a anteceram na região.

1519 - O Exército da Espanha, liderado por Hernán Cortés, chega a Veracruz, marcando o início da conquista espanhola do México.

1521-1820 - O México forma parte do Vice-reino da Nova Espanha.

1810-21 - A Guerra de Independência termina com a criação do Impérico Mexicano, que dura pouco e inclui a América Central, até a fronteira com a atual Costa Rica, assim como o que hoje é o sul dos Estados Unidos.

1824 - O México torna-se uma república federal. Províncias centro-americanas se tornam independentes.

1846-8 - A Guerra Mexicana-Americana termina com o México sendo forçado a vender aos Estados Unidos suas províncias do norte (incluindo os futuros Estados americanos da Califórnia, Nevada, Novo México, Arizona e Utah).

1910-20 - A Revolução Mexicana, liderada por nomes como Pancho Villa e Emiliano Zapata, leva ao estabelecimento de uma república constitucional.

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A revolução mexicana, sob o comando de Pancho Villa e Emiliano Zapata, transformou o México

1929 - Formação do Partido National Revolucionário, que mais tarde se tornaria o Partido Revolucionário Institucional, ou PRI, que dominou a política no país até o ano 2000.

1968 - Forças de segurança mexicanas reagem violentamente, a tiros, a uma manifestação estudantil na Cidade do México. Centenas de manifestantes são mortos ou feridos.

1976 - Enormes reservas de petróleo marítimas são descobertas no Golfo do México.

1994 - Rebeldes zapatistas, liderados pelo carismático subcomandante Marcos, iniciam um levante exigindo mais direitos para os cerca de 10 milhões de indígenas no México, 4 milhões deles no Estado de Chiapas.

2000 - Vicente Fox quebra o domínio político de sete décadas do PRI ao vencer as eleições presidenciais.

2006 - Presidente Felipe Calderón lança uma guerra interna contra as quadrilhas de traficantes de drogas. A violência aumenta e se transforma numa crise nacional de segurança.

2018 - O esquerdista ex-prefeito da Cidade do México Andrés Manuel López Obrador obtém uma ampla vitória nas eleições presidenciais.

2022 - Cumprindo promessa de campanha, o presidente Obrador convoca referendo para que os mexicanos decidam se ele deve ou não continuar liderando o país. Obrador foi confirmado na presidência por cerca de 90% dos eleitores.