Política internacional

EUA alivia sanções contra a Venezuela após acordo entre governo e oposição

A medida "reflete a política de longo prazo dos EUA que visa um levantamento das sanções sujeito a progressos concretos" que diminuirão o sofrimento do povo venezuelano e permitirão "apoiar o retorno da democracia" à Venezuela

Agence France-Presse
postado em 26/11/2022 21:48
 (crédito: Patrick T. FALLON / AFP)
(crédito: Patrick T. FALLON / AFP)

Os Estados Unidos elogiaram o acordo alcançado neste sábado (26) no México entre o governo venezuelano e sua oposição, que permitiu o alívio imediato das sanções de Washington à Caracas.

"Juntamo-nos à comunidade internacional e saudamos a retomada das negociações" entre as duas partes, após quase um ano e meio de paralisação, declarou uma autoridade do alto escalão do governo dos EUA sobre as negociações relançadas no México.

A fonte destacou que o acordo representa "passos importantes na direção certa" na Venezuela, que recebeu minutos depois um alívio das sanções com a autorização de Washington para que a Chevron retome parcialmente suas atividades de extração de petróleo no país caribenho.

De acordo com o Departamento do Tesouro, a Chevron pode retomar parcialmente as atividades da empresa da qual é co-proprietária com a estatal Petróleos de Venezuela (PdVSA), desde que com a garantia de que "a PdVSA não receberá nenhuma receita com as vendas de petróleo feitas pela Chevron".

Em comunicado, a Chevron confirmou ter recebido autorização para retomar parcialmente suas operações e reiterou o “compromisso de desenvolver a nossa atividade dentro do quadro regulamentar imposto” para “seguir sendo uma presença construtiva no país”.

A medida "reflete a política de longo prazo dos EUA que visa um levantamento das sanções sujeito a progressos concretos" que diminuirão o sofrimento do povo venezuelano e permitirão "apoiar o retorno da democracia" à Venezuela, comentou o Tesouro.

O Departamento de Estado, por sua vez, informou que as demais sanções continuam em vigor e que os Estados Unidos continuarão a aplicá-las "vigorosamente".

Em comunicado conjunto, os Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido e o Canadá "saudaram a decisão de retomar o diálogo" entre as duas partes, a quem pediram "demonstrar sua boa vontade para chegar a um acordo global que conduza à realização de eleições livres e justas em 2024, a reabilitação das instituições democráticas e o fim da crise humanitária na Venezuela".

Também asseguraram sua "disposição para revisar o pacote de sanções caso haja avanços substanciais por parte do regime" de Caracas.

O pacto entre governo e oposição liberaria recursos venezuelanos bloqueados no exterior, segundo Caracas, que não especificou onde estão esses recursos ou seu valor.

Opositor feroz de um relaxamento da pressão contra Caracas, o influente senador democrata Bob Menéndez, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, estimou que o acordo deste sábado é "um passo urgente e necessário para enfrentar a miséria e o sofrimento do povo venezuelano".

Acrescentou, no entanto, que "não tem ilusões" sobre a "vontade repentina" do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de agir "no melhor interesse de seu povo" e que se ele busca usar as negociações "para ganhar tempo" e "consolidar ainda mais sua ditadura criminosa, os Estados Unidos e seus parceiros internacionais devem retornar com força total às sanções".

O também senador Rick Scott, do Partido Republicano, enfatizou que "não há cenário em que os Estados Unidos devam negociar com bandidos como Maduro e seu regime vil".

A Venezuela está sob sanções dos Estados Unidos e da Europa, adotadas para promover a saída de Maduro do poder, mas que ao mesmo tempo agravaram a crise econômica que atinge o país sem alcançar os resultados desejados.

Maduro e Washington tiveram contatos diretos após a invasão da Ucrânia pela Rússia e seu impacto nos preços do petróleo.

O governo americano já admitiu publicamente que o petróleo venezuelano pode ser útil num mercado internacional com preços elevados e contexto de forte inflação nos Estados Unidos devido, em grande medida, ao aumento dos preços dos combustíveis.

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