Política Internacional

EUA e China: Encontro inicia nova etapa para diminuir tensão entre os países

O presidente chinês, Xi Jinping, reúne-se com a vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, na Tailândia; encontro reforça disposição de manter canais de comunicação entre as duas potências

Correio Braziliense
postado em 20/11/2022 03:50
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

Cinco dias após o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o líder chinês Xi Jinping conversou, ontem, com a vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, em Bangcoc (Tailândia), numa nova etapa da reaproximação entre as duas potências rivais. O breve encontro ocorreu durante a cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), em que a Rússia, outra adversária de Washington, parecia isolada na ausência de uma personalidade forte para defender a invasão da Ucrânia, que "a maioria" dos membros do grupo condenou em um comunicado conjunto.

O diálogo entre ambos seguiu a dinâmica iniciada por Biden e Xi, que se comprometeram a reduzir as tensões entre as duas superpotências na segunda-feira passada, numa audiência de três horas, em Bali, à margem da cúpula do G20, grupo integrado pelas grandes economias do planeta.

Kamala Harris reforçou a mensagem de Biden de que "devemos manter as linhas de comunicação abertas para administrar de maneira responsável a concorrência entre os países", de acordo com uma fonte da Casa Branca que pediu anonimato.

Segundo Pequim, Xi espera que as duas maiores economias do mundo "reduzam os mal-entendidos e os erros de julgamento" para promover "o retorno de relações saudáveis e estáveis".

Tanto em Bangcoc como em Bali, o líder chinês — fortalecido no poder após obter um terceiro mandato histórico — se reuniu com vários líderes estrangeiros. A postura do presidente chinês foi interpretada por analistas políticos como uma disposição de apresentar-se como uma autoridade responsável, alguém preparado para enfrentar os desafios mundiais.

Para observadores internacionais, a reunião com Biden — a primeira presencial desde a chegada ao poder do presidente dos EUA — foi estratégica e construtiva e teve um significado importante para orientar as relações entre Pequim e Washington que, de Taiwan à guerra na Ucrânia, avançam em terreno escorregadio.

Sem conflito

Em mais um sinal da distensão, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, viajará à China no início de 2023, no que seria a primeira visita de um alto funcionário da diplomacia americana ao país asiático desde 2018. Em Bangcoc, Blinken disse que os contatos com Pequim pretendem garantir que a concorrência entre os países "não vire um conflito" e encontrar áreas de cooperação em questões globais, como a mudança climática.

Xi Jinping, que não visita os Estados Unidos desde 2017, pode viajar ao país em 2023 para a próxima reunião de cúpula da Apec, que acontecerá em São Francisco.

Na conversa com Xi, Biden pediu ajuda para conter a Coreia do Norte, país que gera receio nos Estados Unidos e na Coreia do Sul após a recente série sem precedentes de lançamentos de mísseis balísticos. Segundo uma fonte de Washington, a China deve utilizar sua influência sobre o regime de Kim Jong-un, do qual é a principal aliada diplomática e econômica, para incentivar Pyongyang "a não seguir na direção da provocação, que desestabiliza a região e o mundo".

Depois da Tailândia, Kamala Harris é aguardada, na terça-feira, na província filipina de Palawan, perto da fronteira com o Mar da China Meridional, que tem grande parte reivindicado por Pequim. Ela será a principal autoridade do governo americano a visitar a localidade.

 


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