O presidente americano, Joe Biden, chegou à Ásia neste sábado (12) com a promessa de pedir a seu homólogo chinês, Xi Jinping, que contenha as "piores tendências" da Coreia do Norte, quando os dois se reunirem pela primeira vez pessoalmente, durante a cúpula do G20 em Bali, Indonésia.
Em sua reunião durante a cúpula do G20 em Bali, na próxima segunda-feira (14), Biden dirá a Xi que a China tem "interesse em conter as piores tendências da Coreia do Norte", afirmou o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, a repórteres.
Biden chegou hoje a Phnom Penh, capital do Camboja, para participar da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) antes de seguir para Bali.
Biden também dirá a Xi que, se o acúmulo de mísseis e de armas nucleares da Coreia do Norte "continuar nesse caminho, isso significará simplesmente um aumento da presença militar e de segurança dos Estados Unidos na região".
Falando a bordo do avião presidencial Air Force One pouco antes de aterrissar no Camboja, Sullivan disse que Biden não fará exigências à China, mas dará a Xi "sua perspectiva".
Ele observou que "a Coreia do Norte representa uma ameaça não apenas para os Estados Unidos, não apenas para a Coreia do Sul e o Japão, mas para a paz e a estabilidade de toda a região".
Se a China irá pressionar a Coreia do Norte, "será uma decisão deles", disse Sullivan. No entanto, com a expectativa de que a Coreia do Norte teste uma arma nuclear e aumente suas capacidades de mísseis, "a situação operacional é mais grave no momento", concluiu Sullivan.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, engrossou o coro dos países que pedem uma ação internacional concertada para interromper o programa de mísseis de Pyongyang durante conversas com ASEAN, China e Coreia do Sul.
Tóquio e Seul estão cada vez mais alarmadas com a recente série de lançamentos de mísseis, incluindo um míssil balístico intercontinental. Líderes das duas maiores economias do mundo, Biden e Xi conversaram por telefone várias vezes desde que Biden assumiu o cargo em janeiro de 2021, mas nunca se encontraram pessoalmente.
Rivalidade regional
Os dois terão muito o que conversar, em meio às inúmeras disputas entre Washington e Pequim sobre comércio e direitos humanos na região chinesa de Xinjiang e Taiwan.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos dois países que trabalhem juntos e advertiu, na sexta-feira (11), sobre o "crescente risco de que a economia mundial se divida em duas partes lideradas pelas duas maiores economias, Estados Unidos e China".
Antes do G20, Biden buscará fortalecer a influência de Washington no Sudeste Asiático em reuniões com governantes da ASEAN para contrabalançar a influência chinesa na região. Nos últimos anos, a China vem intensificando sua presença por meio do comércio, da diplomacia e de seu poderio militar, em uma região que considera como sua área de influência.
Nesse sentido, Sullivan afirmou que Biden chega a Phnom Penh com uma agenda que enfatiza a política de seu governo de "aumentar" sua presença no Sudeste Asiático como um garantidor de estabilidade.
Biden disse que os Estados Unidos desejam colaborar com a ASEAN para "se defender das significativas ameaças que pesam sobre a ordem baseada em regras e no Estado de Direito".
Xi presente, Putin ausente
Biden e Xi chegam ao G20 apoiados por conquistas em casa. O Partido Democrata, de Biden, apresentou resultados surpreendentemente positivos nas eleições de meio de mandato americanas, enquanto Xi garantiu um histórico terceiro mandato presidencial.
No congresso do Partido Comunista da China em outubro, Xi advertiu para um clima geopolítico desafiador, sem citar os Estados Unidos diretamente.
A cúpula de Bali também marcará o retorno diplomático de Xi desde o início da pandemia da covid-19, quando ele interrompeu suas viagens internacionais.
Xi também se reunirá com o presidente francês, Emmanuel Macron, antes de viajar para Bangcoc para a cúpula do fórum Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC). Quem não estará em Bali é o presidente russo, Vladimir Putin, rejeitado por países ocidentais após a invasão da Ucrânia. Estará representado por seu ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
No encontro, Lavrov argumentará que os Estados Unidos desestabilizam a região da Ásia-Pacífico com sua política de confrontação, segundo a agência de notícias russa TASS. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, participará virtualmente da cúpula do G20, depois que a ASEAN rejeitou seu pedido para falar.
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