Defensores do aborto comemoraram nesta quarta-feira (9) nos Estados Unidos que os eleitores tenham se inclinado a proteger o acesso a este procedimento em vários referendos celebrados juntamente com as 'midterms' na terça, após a decisão da Suprema Corte, em junho, de anular o direito à interrupção voluntária da gravidez em nível federal.
Os eleitores dos estados da Califórnia, Vermont e Michigan apoiaram de forma firme as emendas constitucionais dos estados, propostas para garantir o direito ao aborto.
No reduto republicano do Kentucky, onde o aborto foi proibido após a decisão da Suprema Corte, os eleitores rejeitaram uma emenda à carta estadual que teria impossibilitado impugnar a proibição no estado.
Em Montana, o quinto estado que fez uma consulta sobre o aborto nas eleições de meio de mandato, na terça-feira, uma apuração preliminar indicou que os eleitores ali também se opuseram à aprovação de uma legislação contrária ao procedimento.
Analistas sugerem que os eleitores progressistas estavam motivados a participar das eleições em parte pela decisão da máxima corte, que anulou sua sentença de 1973 no caso "Roe v. Wade", que estabeleceu o aborto como um direito constitucional.
"Repúdio inequívoco"
A Suprema Corte determinou que cada estado decida sobre o tema e por isso, grupos contrários ao aborto fizeram fortes campanhas para proibir ou restringir severamente a prática. Cerca de 15 estados instituíram proibições em larga escala, que a Casa Branca denunciou como ataques "radicais" aos direitos fundamentais.
"Ontem à noite, em todo o país, vimos um repúdio inequívoco à decisão da Suprema Corte de anular a Roe", disse Nancy Northup, presidente do Centro de Direitos Reprodutivos.
"Do Kentucky a Michigan, de Vermont à Califórnia, os americanos querem que o direito ao aborto seja protegido. As pessoas estão mobilizadas e não querem que os políticos controlem seus corpos e seu futuro".
Por sua vez, o grupo Planned Parenthood disse que os veredictos demonstraram que o tema motivou os eleitores. "Os especialistas estavam errados. O direito ao aborto foi o que mudou as regras do jogo nesta eleição", destacou a organização.
Anthony Romero, diretor-executivo da União Americana de Liberdades Civis, disse que os eleitores nos cinco estados demonstraram com "números avassaladores que vão defender a capacidade de acesso à atenção essencial do aborto".
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