A localização da Espanha, na junção entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo, na Europa e próximo da África, fez do país uma ponte política e cultural chave para o mundo todo.
Invadida por berberes no século 8, a Espanha foi um dos centros do mundo muçulmano. A cultura islâmica influenciou de forma significativa a Península Ibéria, especialmente na região da Andaluzia, no sul da atual Espanha. A ocupação, que durou quase oito séculos, foi encerrada no final do século 15 como parte do movimento que ficou conhecido como Reconquista.
Após a expulsão dos últimos muçulmanos, a Espanha tornou-se uma potência global no século 16 por meio da conquista e da colonização. Sua maior presença foi no continente americano, onde suas posses coloniais estendiam-se do sul dos atuais Estados Unidos até a Terra do Fogo.
Seu vasto império foi mantido até o século 19, quando vários movimentos de libertação na América Espanhola deram origem a dezenas de países diferentes - nas Américas do Sul, Central e do Norte.
A história moderna da Espanha foi marcada pela sangrenta guerra civil de 1936-39, quando os socialistas acabaram derrotados pelo general Francisco Franco. Nas décadas seguintes, a ditadura franquista, de inspiração fascista, promoveu o nacionalismo espanhol e reprimiu culturas e línguas minoritárias, como no País Basco e na Catalunha.
Desde a morte de Franco em 1975, a Espanha fez uma transição para a democracia e construiu uma economia moderna. A entrada do país na Comunidade Econômica Europeia - que posteriormente viraria a União Europeia - deu grande impulso econômico.
As 17 regiões do país têm suas próprias autoridades eleitas diretamente, mas a ideia de separatismo permanece na rica região da Catalúnia, no nordeste da Espanha assim como na região basca no norte do país.
A Espanha é um país de grande interesse turístico, com muitas de suas cidades - como Barcelona, Madri e Sevilla - sendo visitadas anualmente por milhões de pessoas do mundo todo. Em 2019, antes do impacto negativo no setor de turismo provocado pela pandemia de covid-19, a Espanha recebeu mais de 90 milhões de turistas, sendo superada apenas pela França como destino favorito de turistas internacionais. O país também é uma grande referência cultural.
A música e a dança flamencas, de forte influência árabe, são admiradas mundo afora. Já o cinema espanhol é reconhecido internacionalmente como de alta qualidade, com destaques para diretores como Pedro Almodóvar e Carlos Saura. As corridas de touros - ou touradas -, no entanto, são um lado polêmico da cultura espanhola e alvo de protestos devido ao sofrimento imposto aos animais mortos nas arenas.
FATOS
LÍDERES:
Rei: Felipe 6º
O rei Felipe ascendeu ao trono com a abdicação de seu pai, Juan Carlos, em junho de 2014. Nascido em 1968, quando seu pai era herdeiro-aparente do vacante trono durante a ditadura de Franco, o príncipe Felipe foi educado para seu futuro papel real e assumiu compromissos oficiais em nome de seu pai a partir de 1995.
Apesar de reter considerável poder constitucional como chefe-executivo e comandante das Forças Armadas, o rei Felipe comprometeu-se em continuar o legado de seu pai em apoiar a primazia do Parlamento.
Primeiro-ministro: Pedro Sánchez
O socialista Pedro Sánchez assumiu o cargo de primeiro-ministro em junho de 2018, depois que seu antecessor, o conservador Mariano Rajoy, perdeu um voto de confiança no Parlamento. O voto foi decorrente de um julgamento de corrupção envolvendo integrantes do Partido Popular, de Rajoy.
Eleições realizadas em abril e em novembro de 2019 aumentaram o apoio aos socialistas, embora o partido não tenha obtido a maioria. O Vox tornou-se o primeiro partido de direita radical a obter assentos desde a morte de Francisco Franco, em 1975. Em janeiro de 2020, Sánchez formou um governo de coalizão com o partido de esquerda Podemos, depois de vencer um voto de confiança por uma margem estreita.
MÍDIA
A rede pública RTVE divide o mercado com grandes operadoras comerciais. Redes regionais de TV são operadas pelos respectivos governos de cada região. A ONG Freedom House destaca a liberdade que os jornais têm para investigar casos de corrupção, mas aponta preocupações em relação à concentração da propriedade no setor de mídia e àquilo que considera interferência política na mídia pública.
A Espanha tem mais de 40 milhões de usuários de internet. O Facebook é a principal plataforma social usada no país.
RELAÇÕES COM O BRASIL
A Espanha reconheceu a independência do Brasil em 1834, e as duas coroas mantiveram relações amistosas a partir de então. Na década de 1880, a imigração de espanhóis para o Brasil ganhou ritmo acelerado, processo que voltaria a ser intensificado na década de 1930, durante a Guerra Civil Espanhola.
No final do século 20, com a modernização da economia da Espanha e a abertura da economia brasileira, os dois países se aproximaram mais nessa área. Os investimentos espanhóis no Brasil aumentaram, com destaque para o setor de telecomunicações - em 1998, a espanhola Telefónica comprou a ex-estatal paulista Telesp.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, o Brasil tornou-se o segundo maior destino de investimentos espanhóis no exterior, atrás apenas do Reino Unido. Estimativa do governo diz haver cerca de 80 mil brasileiros vivendo na Espanha.
LINHA DO TEMPO
Importantes datas na história da Espanha:
711 - A Península Ibérica é invadida por berberes muçulmanos, iniciando uma presença muçulmana que duraria quase oito séculos. A Andaluzia, no sul da Espanha, torna-se um dos principais centros do mundo muçulmano, com grande desenvolvimento cultural.
1492 - Com a retomada de Granada, o reino de Castilla encerra a chamada Reconquista e termina com a dominação muçulmana na península. Patrocinado pela coroa espanhola, Cristóvão Colombo chega às Américas.
Séculos 16 e 17 - O Império Espanhol está no seu auge, com a Espanha sendo a potência predominante na Europa. O declínio do país começa com o avanço dos Estados protestantes no norte da Europa e do Império Otomano no Mediterrâneo.
Século 18 - A guerra da Sucessão Espanhola faz com que a Espanha perdesse suas posses europeias fora da Península Ibérica. A dinastia Bourbon, originalmente da França, centraliza o Estado espanhol, fechando muitas assembleias regionais e modernizando o governo e as forças armadas.
Século 19 - O legado napoleônico de divisão política e deslocamento econômico deixa a Espanha fraca e instável, com mudanças de governo frequentes e uma pequena insurgência de carlistas, que apoiavam uma facção rival da família real espanhola. Todas as colônias latino-americanas conquistam sua independência, sendo que Cuba, Porto Rico e as Filipinas, na Ásia, foram perdidas em decorrência de sua desastrosa guerra com os Estados Unidos em 1898.
1936-39 - A Guerra Civil Espanhola coloca republicanos de esquerda contra nacionalistas de direita, com ambos os lados recebendo apoio estrangeiro. O general Francisco Franco lidera a vitória dos nacionalistas e fica no poder até sua morte, em 1975.
1975 - Morre Francisco Franco, que é sucedido como chefe de Estado pelo rei Juan Carlos. A Espanha faz sua transição da ditadura para a democracia e se retira do Saara Espanhol, colocando um fim a seu império colonial.
1978 - Uma nova Constituição confirma a Espanha como uma monarquia parlamentar.
1986 - A Espanha entra na Comunidade Econômica Europeia.
2009 - Crise financeira global coloca o país numa grave crise econômica que duraria vários anos, com altíssimos níveis de desemprego.
2010 - A seleção espanhola, apelidada carinhosamente pelos espanhois de "Furia", se sagra campeã mundial de futebol pela primeira vez na história.
2014 - Abalado por um escândalo de corrupção, o Rei Juan Carlos é levado a abdicar em favor de seu filho Felipe.
2017 - Madri impõe controle direto sobre a Catalunha, depois de um referendo ter apoiado a independência da região.
2020 - A Espanha foi um dos países mais intensamente atingidos pela epidemia de covid-19 nos primeiros anos de disseminação da doença tendo apresentado o maior número de mortos em todo o mundo.
2022 - Após um efetivo programa de vacinação e a adoção de rigorosos lockdowns, a Espanha conseguiu estabilizar o número de novas contaminações e reduziu o ritmo do crescimento dos números de vítimas fatais.