Jornal Correio Braziliense

Três perguntas para...

Li Qi, ministro conselheiro da Embaixada da China no Brasil 

 

Como vê o impacto do lockdown sobre as decisões do Congresso do Partido Comunista Chinês?

A pandemia da covid-19 é algo inédito e um imenso desafio para todo o mundo, que ainda conhece pouco sobre o vírus. Os últimos dois anos e meio foram um tempo limitado para os estudos científicos. A humanidade também tem pouca experiência em fazer frente a uma pandemia dessa magnitude. Pouco a pouco, ela explorará uma forma de combater a pandemia e proteger a si mesma. Nesse processo, cada país tem suas próprias condições e adota medidas próprias. A China opta por priorizar a saúde da população. Defendemos a ideia de que algumas coisas podem ser recuperadas; outras, não, como a vida humana. A China é um país muito populoso. Se a pandemia golpeia a nação, haverá milhões de famílias impactadas. Jamais colocaremos a saúde de tanta gente à prova. Por isso, colocamos uma séria política de controle da pandemia. Tampouco deixamos de lado a economia e a vida normal das pessoas. Enquanto tratamos de controlar a pandemia, nos esforçamos por estabilizar e reativar a economia. Não é algo fácil, mas assumimos esse desafio com todos os esforços. Felizmente, a economia chinesa passa por uma sólida fase. Temos plena confiança de que, com o uso de novas tecnologias, o desenvolvimento de vacinas e medicamentos, e uma gestão pública mais precisa, vamos superar a pandemia sem arriscar a saúde pública e, ao mesmo tempo, mantendo o crescimento econômico. 

Qual é a importância da escolha dos novos membros do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista?

O Congresso renovará o conselho diretivo do partido. Os mais de 2.200 representantes o elegerão, por meio do voto democrático. A China tem sua forma própria de capacitar, eleger e empoderar funcionários e dirigentes. Essa forma tem origem na cultura e na história de longa data. Usamos a palavra chinesa "Xuanba", que significa "selecionar por mérito e eleger pela democracia". É um termo um pouco diferente de "Xuanju" ("eleger"). Por esse sistema, os líderes eleitos sempre contam com destacadas experiências e com o apoio da sociedade. Esperamos com paciência e confiança os resultados do Congresso. Por meio da internet, o Partido Comunista Chinês fez um convite público à sociedade para que compartilhasse sugestões com o Congresso. Mais de 8,4 milhões de comentários foram enviados. 

O presidente Xi prometeu uma maior interação da China com o mundo. A China tem sido bem-sucedida nesse sentido?

O mundo é complexo, mutável e com adversidades. Fala-se de "ismos", como capitalismo, socialismo, liberalismo, etc. Cada país tem o direito soberano de seguir e aplicar o "ismo". A responsabilidade do Estado, do governo e dos partidos políticos é desenvolver o país e melhorar a vida da população. A China tem seu sistema, sua ideologia, sua teoria e seu caminho. Mas o objetivo é o mesmo de outros países: desenvolvimento e bem-estar do povo. A diplomacia chinesa se fundamenta nesse consenso. Buscamos convergências, superar as divergências. A convergência é estabelecida na base da cooperação e no desenvolvimento compartilhado. A divergência é superada com respeito mútuo e diálogo de igual para igual. Essa é a visão da China para o mundo. No mundo cheio de desafios, defendemos a paz, a estabilidade , o respeito, o diálogo, a cooperação e o multilateralismo.