New York, Estados Unidos- Estudada e traduzida há 30 anos nos Estados Unidos, a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura deste ano, Annie Ernaux, foi homenageada na segunda-feira (10/10) em Nova York, no centro cultural francês.
A escritora francesa, figura proeminente do feminismo e comprometida com a esquerda, premiada na última quinta-feira pelo comitê do Nobel pela "coragem e acuidade clínica" de sua obra em grande parte autobiográfica, falou durante uma hora sobre criação literária, em conferência com a escritora americana Kate Zambreno.
Pelo menos 300 pessoas, a maioria mulheres, a aplaudiram na Villa Albertine, em Nova York.
"Fui absolutamente nutrida pela literatura desde a infância. Até onde você pode ver, sei que a leitura, os livros, fazem parte da minha vida. Sonhei minha vida primeiro com os livros", disse Ernaux, de 82 anos.
A escritora é estudada há anos nos círculos intelectuais e universitários americanos.
Seu trabalho é considerado uma radiografia da intimidade de uma mulher que evoluiu com as mudanças na sociedade francesa desde o pós-guerra. Em vinte obras ela analisa o peso da dominação das classes sociais e a paixão do amor, dois temas que marcaram seu itinerário de mulher quebrada por suas origens populares.
Uma das mulheres presentes na cerimônia agradeceu-lhe por ter feito com que "entrasse no feminismo", em particular graças à leitura do seu romance autobiográfico sobre o aborto intitulado "O Acontecimento" (2000).
Ernaux também apresentou, junto com seu filho David Ernaux-Briot, seu documentário familiar "Les années Super-8" no Festival de Cinema de Nova York.