Lisboa — Diante do grande número de eleitores que ainda não votaram — quase 4 mil pessoas estão na fila —, o Consulado-Geral do Brasil ampliou, com autorização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o horário de funcionamento das urnas eletrônicas das 17h para as 20h (16h do Brasil). Todos os que estiveram dentro do prédio da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde estão instaladas as 118 seções de votação, poderão exercer o direito previsto na Constituição. Outros países da Europa, como Irlanda, também tiveram o horário prorrogado.
Desde a abertura das urnas nas principais cidades europeias, formaram-se grandes filas. Lisboa, Genebra, Paris, Dublin, Londres, Amsterdã, Colônia, Berlim registraram um fluxo intenso de pessoas, movimento que surpreendeu os organizadores. Tradicionalmente, a abstenção nas votações em cidades do exterior é elevada — em Lisboa, em 2018, passou de 50%. Neste ano, diante da forte polarização política no Brasil, os eleitores decidiram registrar seus votos nas urnas eletrônicas. “Realmente, o número de presentes para a votação nos surpreendeu”, disse o cônsul-geral em Lisboa, Wladimir Valler Filho.
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Houve casos de espera de até quatro horas para votação. A maior demora se deu nas seções em que as urnas eletrônicas tiveram de ser substituídas por urnas de lona, ou seja, voto impresso. Na capital portuguesa, logo pela manhã, duas urnas eletrônicas deram defeitos e tiveram de ser substituídas. Mais tarde, uma urna foi impugnada porque um homem, Fábio Félix dos Santos, tentou fraudar a votação. Isso provocou transtornos para quem estava à espera, pois os votos passaram a ser impressos. Apesar da demora, não houve desistência. Era claro o interesse de exercer a cidadania. “Só se resolve os problemas do país por meio do voto”, disse João Pedro Delgado, 20 anos, que votou pela primeira vez.
Lioba Scharzer, que votou em Colônia, na Alemanha, disse que as filas para pareciam não ter fim. “Quem chegava para votar ficava surpreso com a quantidade de pessoas”, disse. Ela ressaltou, porém, que houve profissionalismo por parte do pessoal que trabalhava nas seções. Nem tudo, porém, foi calmaria. Por causa da demora na votação, houve incidentes no Porto, onde estavam cadastrados mais de 30 mil eleitores. Em Genebra, a polícia interveio para conter a confusão entre defensores do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula.