Lisboa — Duas da 58 urnas eletrônicas colocadas à disposição dos 45.273 brasileiros aptos a votar nas eleições presidenciais deste ano em Lisboa, maior colégio eleitoral fora do Brasil, apresentaram problemas e tiveram de ser substituídas por urnas de lona. Com isso, os cidadãos inscritos nas seções em que houve as falhas tiveram de assinalar suas escolhas no voto impresso. Segundo o cônsul-geral do Brasil em Lisboa, Wladimir Valler Filho, assim que os problemas foram detectados, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi acionado e as urnas de lona, liberadas. “Tudo foi solucionado rapidamente”, garantiu.
Tirando essa falha eventual, acrescentou o cônsul, o processo de votação está ocorrendo dentro da normalidade. “As votações tiveram início às 8h da manhã. O fluxo de pessoas é bastante intenso, o que nos leva a supor que a presença será expressiva”, disse. Ele reconheceu que, do lado de fora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde estão ocorrendo as votações, as filas estão imensas. “Mas, tão logo os eleitores adentram as seções eleitorais, não leva mais do que cinco minutos para votar”, assinalou.
Valler Filho garantiu que, até o meio da manhã, não tinha sido registrado nenhum tumulto. Havia uma grande preocupação das autoridades em relação a possíveis atos de violência, com confronto entre os eleitores. A preocupação era tamanha, que a Polícia de Segurança de Pública (PSP) de Portugal reforçou o efetivo no local desde sábado. O número de seguranças privados contratados pelo consulado mais do que dobrou em relação a 2018. “Tudo está transcorrendo dentro da normalidade, com harmonia”, assinalou.
O cônsul ressaltou que foi necessário um grande planejamento para que todo o processo de votação fosse viabilizado em Lisboa, onde o número de brasileiros aptos a votar mais que dobrou frente quatro anos atrás. “O resultado é muito positivo, apesar do tempo que tivemos para organizar tudo”, disse. Foram montadas 118 seções eleitorais, com 58 urnas, e convocados 232 mesários. Duas semanas antes do pleito, houve ameaça de greve por parte dos funcionários contratados localmente pelo consulado. Mas tudo foi contornado.
Em 2018, o presidente Jair Bolsonaro, então no PSL, venceu com quase o triplo de votos do candidato do PT, Fernando Haddad. A abstenção passou de 50%. Neste ano, segundo analistas, a disputa entre Bolsonaro e Lula será mais acirrada, devido à mudança no perfil dos brasileiros que chegaram a Portugal nos últimos quatros anos, mais instruídos e bem-informados. “É um prazer verificar que os brasileiros residentes aqui providenciaram seus títulos, organizaram a documentação e estão podendo votar. Tudo isso é muito positivo”, afirmou Valler Filho.