Com um patrimônio cultural valioso, motivo de orgulho nacional, a Polônia tem suas origens no período medieval, cerca de 1 mil anos atrás. Posicionada no centro da Europa, a nação fortemente católica passou por vários momentos turbulentos e violentos em sua história.
Houve períodos de independência, assim como fases em que esteve sob dominação por outras nações. A invasão do país pela Alemanha nazista, em 1939, deu início à Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra, quando a Polônia foi controlada pela Alemanha, milhões de pessoas foram mortas - cerca da metade dos mortos eram judeus, perseguidos pelos nazistas.
Na fase final da guerra, a Polônia foi dominada pelas forças soviéticas. Apesar de ser mantida como nação independente após o conflito, passou a fazer parte do bloco comunista liderado pela União Soviética, com um regime socialista de partido único governando o país.
No início dos anos 1980, um sindicato de trabalhadores fundado na cidade portuária de Gdansk, chamado de Solidariedade, desafiou o regime. Suas greves e protestos foram fundamentais para enfraquecer o bloco comunista europeu como um todo. Esse movimento foi ajudado pelo polonês Karol Wojtyla, o papa João Paulo 2º, que também fez constante pressão pelo fim dos regimes comunistas na Europa.
Após a queda do comunismo e a adoção da democracia nos anos 1990, uma nova era foi iniciada em 2004. Naquele ano, a Polônia tornou-se membro da União Europeia - cinco anos depois de ter se unido à Otan, a aliança militar do Ocidente, e 15 anos após o fim de seu regime comunista. O passo abriu ainda mais o país para turistas estrangeiros, atraídos pela beleza de suas cidades históricas, em particular a medieval Cracóvia - declarada patrimônio cultural da humanidade.
FATOS
LÍDERES
Presidente: Andrzej Duda
A Polônia tem um regime semi-presidencialista, com um primeiro-ministro escolhido pelo presidente para chefiar o governo.
O presidente Duda, do Partido conservador Lei e Justiça, cético quanto à União Europeia, surpreendeu ao vencer as eleições de 2015. Ele derrotou Bronislaw Komorowski, o então presidente polonês, do partido Plataforma Cívica, de centro - no pleito mais disputado da história da Polônia.
Nascido em 1972 e professor de direito, Duda iniciou seu ativismo na política conservadora no início dos anos 2000, chegando a trabalhar com o presidente Lech Kaczynski de 2008 a 2010.
Em 2020, Duda foi reeleito, depois de uma vitória em segundo turno sobre Rafal Trzaskowski, prefeito de Varsóvia, do Plataforma Cívica. A vitória, porém, foi polêmica.
Após o anúncio do resultado apertado, com 51% para Duda e 49% para Trzaskowski, o Plataforma Cívica contestou a vitória do presidente na Justiça, alegando fraude e favorecimento a Duda na cobertura da mídia pública. A Suprema Corte do país considerou válidos o resultado e a reeleição do presidente.
Primeiro-ministro: Mateusz Morawiecki
O ministro das Finanças, Mateusz Morawiecki, assumiu o posto de chefe do governo conservador em dezembro de 2017, substituindo Beata Szydlo, que passou ao cargo de vice-primeira-ministra. Segundo analistas poloneses, a decisão do líder do Lei e Justiça, Jaroslaw Kaczynski, foi uma tentativa de melhorar as relações entre o país e a União Europeia.
O economista Morawiecki, por sua vez, era considerado um nome de melhor trânsito dentro do bloco europeu. Em relação aos principais elementos do programa do governo, porém, Morawiecki mantém a posição anterior de Szydlo. Como sua antecessora, ele apoia limites ao poder do Judiciário, uma pauta social católica e conservadora e a rejeição de pedidos da União Europeia para aceitar refugiados muçulmanos no país.
MÍDIA
O mercado de radiodifusão da Polônia é o maior no Leste Europeu e na Europa Central, e a televisão é o principal meio. Muitos veículos de mídia privados são propriedade de empresas estrangeiras.
Em 2015, a decisão do governo do partido Lei e Justiça de permitir que ministros escolhessem os chefes das redes públicas TVP e Rádio Polonesa gerou críticas. Na internet, o Facebook é a principal rede social usada pelos poloneses.
RELAÇÕES COM O BRASIL
Brasil e Polônia têm relações positivas desde a independência do país europeu, no início do século 20. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro diz com orgulho que o Brasil "foi o primeiro país latino-americano e um dos primeiros do mundo a reconhecer a restauração da independência da Polônia, em 1918". Dois anos depois, as relações diplomáticas foram formalmente estabelecidas.
A participação do Brasil no combate à Alemanha nazista ao final da Segunda Guerra Mundial estreitou os laços históricos. A Guerra Fria, porém, deixou Polônia e Brasil em lados opostos da geopolítica mundial, com o país europeu dentro da zona de influência soviética. O fim da Guerra Fria e a entrada da Polônia na União Europeia tornaram o contato entre Brasília e Varsóvia mais frequente, com os dois países compartilhando mais interesses comuns.
Para um país de expressão mediana dentro da União Europeia, a Polônia tem uma relação comercial significativa - e crescente - com o Brasil. Em 2018, o comércio bilateral entre os dois países foi de US$ 1,5 bilhão, com uma leve vantagem brasileira na balança comercial.
A partir de 2019, após a posse de Jair Bolsonaro como presidente, o governo brasileiro aproximou-se mais do governo liderado pelo presidente Andrzej Duda. A pauta geopolítica e cultural de ambos os governos, predominantemente conservadora e cética quanto a organismos internacionais e a globalização, colocou Brasília e Varsóvia no mesmo campo na política internacional.
LINHA DO TEMPO
Importantes datas na história da Polônia:
1918 - Depois de mais de um século de dominação estrangeira, um Estado polonês independente ressurge ao final da Primeira Guerra Mundial.
1939-45 - A Alemanha nazista invade o país, dando início à Segunda Guerra Mundial. A Alemanha e a União Soviética dividem a Polônia entre si e tratam os poloneses com extrema brutalidade. A Alemanha constrói campos de concentração cujos nomes - Auschwitz, Treblinka, Sobibor e Majdanek - tornam-se sinônimos do Holocausto.
1945 - Forças soviéticas expulsam os alemães da Polônia, cujas fronteiras são definidas pela Conferência de Potsdam. A Polônia perde território para a União Soviética, mas ganha da Alemanha.
1947 - A Polônia torna-se uma República Popular Comunista depois de eleições organizadas pelos soviéticos e subsequentemente se une ao Pacto de Varsóvia, a aliança militar do bloco comunista europeu.
1978 - Karol Wojtyla, cardeal de Cracóvia, é escolhido papa - e assume o nome de João Paulo 2º.
1980 - Tumultos no porto de Gdansk levam ao surgimento do sindicato de trabalhadores Solidariedade, liderado por Lech Walesa, e à imposição de lei marcial pelo regime.
1989 - Negociações entre o Solidariedade, as autoridades comunistas e a Igreja Católica abrem caminho para o fim do comunismo na Polônia. Eleições parcialmente livres levam a uma vitória folgada do agora partido Solidariedade, que participa de um governo de coalizão. Tadeusz Mazowiecki torna-se o primeiro premiê não-comunista do país desde 1946.
1990 - Lech Walesa é eleito presidente. Reformas econômicas, incluindo privatização em larga escala, são implementadas.
1991 - Realizadas as primeiras eleições parlamentares desde a queda do comunismo. Tropas soviéticas começam a deixar o país.
1999 - A Polônia recebe status de membro integral da Otan, a aliança militar do Ocidente. Desde 1996, o país já tinha sido aceito como parceiro da aliança militar, condição que não concedia aos poloneses plenos direitos dentro da Otan.
2004 - A Polônia é um dos dez novos Estados europeus a entrarem para a União Europeia.
2015 - Andrzej Duda é eleito presidente. Seu partido, Lei e Justiça, implementa políticas conservadoras e coloca o país numa posição de ceticismo em relação à União Europeia.
2017 - Numa ação sem precedentes a União Europeia adotou medidas disciplinares contra a Polônia alegando que 13 novas leis aprovadas nos dois anos anteriores, permitem que o governo intefira de modo significativo no judiciário.
2020 - Após a reeleição de Duda, uma nova lei endurecendo as restrições ao aborto é aprovada. Poloneses vão às ruas em protesto.
2022 - O ministério das Relações Exteriorers da Polônia emite nota oficial exigindo à Alemanha o pagamento de uma indenização de US$ 1 trilhão pelos prejuízos causados ao país pelo governo alemão durante a Segunda Guerra Mundial.
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