REINO UNIDO

Primeira-ministra britânica enfrenta batalha para permanecer no cargo

Após uma semana tensa sob o ataque de seu próprio partido, que ameaça sua continuidade como primeira-ministra, Liz Truss substituiu seu recém-nomeado ministro das Finanças, mas insiste em economia "sólida"

Correio Braziliense
postado em 17/10/2022 06:00
 (crédito: Daniel Leal/AFP)
(crédito: Daniel Leal/AFP)

Durante uma reunião de crise com seu ministro das Finanças, Jeremy Hunt, ontem, a primeira-ministra britânica, Liz Truss, insistiu em seu apego a uma economia "sólida", após uma semana tensa sob o ataque de seu próprio partido que ameaça sua continuidade no cargo.

A erosão da confiança começou em 23 de setembro, quando Truss revelou seu programa ultraliberal, inspirado nas políticas do presidente americano Ronald Reagan nos anos 1980, para implementar um corte de 45 bilhões de libras (US$ 50 bilhões) em impostos, financiados exclusivamente por um aumento da dívida. Os mercados despencaram, o que fez as taxas de dívida e o Partido Conservador afundar nas pesquisas.

Sob uma onda de críticas, Truss admitiu que foi doloroso demitir Kwasi Kwarteng do cargo de ministro das Finanças. Mas, ontem, escreveu no jornal The Sun on Sunday: "Você não pode pavimentar o caminho para uma economia com impostos baixos e alto crescimento sem manter a confiança do mercado na força de nossa moeda".

O recém-nomeado ministro das Finanças, Jeremy Hunt, insistiu que a primeira-ministra mantém o controle de seu governo, apesar de precisar reverter suas políticas econômicas que foram sua assinatura durante a campanha para o cargo. Ele disse que a tributação aumentará e os gastos públicos encolherão, apesar da crescente crise do custo de vida do Reino Unido. Ele afirmou ter ficado surpreso ao receber o chamado para retornar ao Gabinete — depois de já ter servido em dois governos conservadores anterior —, mas ficou honrado por compartilhar o desejo de Truss de priorizar o crescimento econômico. "Ela mudou a maneira como vamos chegar lá, mas não mudou o destino, que é fazer o país crescer", disse.

Jeremy Hunt apontou erros do governo de Liz Truss e sugeriu que reverterá os planos de corte de impostos da primeira-ministra após semanas de turbulência econômica e política. Nomeado na sexta-feira, disse que os impostos podem aumentar e os gastos públicos provavelmente serão espremidos ainda mais nos próximos meses e que Truss reconhece seus erros e vai corrigi-los.

"Foi errado cortar a taxa máxima de imposto para os mais bem pagos em um momento em que teremos que pedir sacrifícios de todos para passar por um período muito difícil", falou à BBC. "Os gastos não aumentarão tanto quanto as pessoas gostariam e todos os departamentos do governo terão que encontrar mais eficiência do que planejavam. E alguns impostos não serão cortados tão rapidamente quanto as pessoas querem", comentou ele.

Hunt, que concorreu duas vezes na disputa pela liderança do Partido Conservador, é um legislador experiente que já ocupou cargos importantes no governo, incluindo o de secretário de Relações Exteriores. Seus comentários sugerem que ele pode desmantelar muitas das promessas econômicas pelas quais Truss fez campanha e tentou implementar durante suas primeiras semanas no cargo.

Sobrevivência

"Truss luta por sua sobrevivência", disse a manchete do The Times no sábado, ao afirmar que "mesmo em Downing Street, altos funcionários acham que é apenas uma questão de tempo até que ela seja forçada a sair". Já o Daily Telegraph publicou em sua primeira página: "Truss se agarra ao poder". Segundo o jornal conservador, parlamentares continuam conspirando para que ela deixe a liderança do Executivo o mais rápido possível. Para o Financial Times, "a única coisa que une o partido é a falta de confiança em Truss". (Com agências internacionais)

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.