O ministro da Defesa da Ucrânia disse nesta quarta-feira, 12, que a Alemanha entregou o primeiro de quatro sistemas ultramodernos de defesa aérea, à medida que os ataques mortais de mísseis e drones da Rússia estimularam um esforço renovado do Ocidente para acelerar a ajuda militar ao país. Em paralelo, autoridades de mais de 50 nações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se reúnem em Bruxelas para avaliar o envio de mais armas aos ucranianos.
Segundo o ministro da defesa ucraniano, Oleksi Reznikov, a Alemanha enviou o sistema de defesa Iris-T e em breve os Estados Unidos enviarão os sistemas americanos Nasams. "Uma nova era de defesa aérea começou na Ucrânia", tuitou o ministro. "Este é apenas o começo. Precisamos de mais", acrescentou.
Os ataques aéreos da Rússia foram realizados no início desta semana em retaliação à explosão da ponte do Estreito de Kerch, que liga a Rússia à Crimeia. Cerca de 20 pessoas morreram em decorrência dos bombardeios russos, e sistemas de infraestrutura de água e energia foram danificados em cidades de todo o país.
Após os ataques serem realizados, o Ocidente se viu pressionado a enviar mais armas de defesa antiaérea para os ucranianos, vista como a maior fraqueza na guerra. A aproximação do inverno do Hemisfério Norte também aumentou as preocupações por potencialmente atrasar o progresso no campo de batalha e aumentar a pressão energética da Rússia sobre a Europa.
Na reunião desta quarta-feira, os líderes da Otan discutem como intensificar a ajuda à Ucrânia e se proteger de possíveis retaliações russas, como sabotagens em gasodutos que transportam gás da Rússia para o território europeu. Outra preocupação é como se manter fora da guerra, apesar do fornecimento de assistência aos ucranianos. "Aliados têm fornecido defesa aérea, mas precisamos ainda mais. Precisamos de diferentes tipos de defesa aérea, sistemas de defesa aérea de curto alcance e de longo alcance para eliminar mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro, drones, sistemas diferentes para diferentes tarefas", disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, nesta quarta-feira.
Uma das dificuldades de aumentar a ajuda a curto prazo é o esgotamento de arsenais militares nacionais após estes serem fornecidos à Ucrânia ao longo dos oito meses do conflito. Segundo diplomatas ouvidos pela Associated Press, alguns países estão cada vez mais relutantes em fornecer mais armas à Ucrânia devido ao receio de comprometer a defesa nacional. O caminho alternativo é acelerar a fabricação de munição, mas a falta de previsibilidade da guerra dificulta que a indústria de defesa se comprometa a estender as linhas de produção.
Apesar disso, as autoridades de defesa se comprometem a continuar o apoio à Kiev com o envio de novas armas. "Nos reunimos novamente hoje unidos por nossa determinação compartilhada de ajudar a Ucrânia a defender sua soberania, seu território e seu povo do ataque injusto e não provocado da Rússia", disse o secretário de Defesa dos UEA, Lloyd Austin.
Até agora, os EUA enviaram mísseis antiaéreos de curto alcance, como a arma Stinger, e facilitou a compra da Ucrânia do sistema norueguês de mísseis de defesa aérea Nasams, mas resistiu aos pedidos para enviar armas mais capazes e de longo alcance devido à preocupação de um confronto mais direto de Washington com Moscou.
Na lista de munições pedidas pela Ucrânia estão sistemas de foguetes de lançamento, ou MLRS, que incluem armas de foguetes de artilharia padrão da Otan, como lançadores M142 HIMARS dos Estados Unidos e lançadores M270 do Reino Unido e Alemanha; munição de foguete guiada para essas armas, lançadores móveis de 122 milímetros e munições de foguetes; mísseis S-300 e SA-11, projetados pela Rússia, compatíveis com os sistemas de defesa aérea existentes na Ucrânia; e sistemas antiaéreos "ocidentais".
Riscos de confronto direto
O presidente russo, Vladimir Putin, por sua vez, alertou a Otan contra um envolvimento mais profundo na Ucrânia. Além da ameaça nuclear, atos aparentes de sabotagem danificam gasodutos que transportam gás à Europa, sobretudo para a Alemanha. Nenhuma responsabilidade foi estabelecida para os incidentes dos gasodutos, mas Otan tenta ser clara em dissuadir a Rússia de realizar atos de sabotagem. "Qualquer ataque deliberado contra a infraestrutura crítica dos aliados seria recebido com uma resposta unida e determinada", disse Stoltenberg antes da reunião desta quarta-feira.
Jens Stoltenberg disse ainda que, após a aparente sabotagem dos oleodutos Nord Stream entre a Rússia e a Alemanha, a Otan "dobrou presença nos mares báltico e norte para mais de 30 navios, apoiados por aeronaves de patrulha marítima e capacidades submarinas". Entretanto, não deixou claro qual seria a resposta para novas sabotagens, caso estas fossem atribuídas à Rússia.
No campo de batalha, a Ucrânia reivindicou nesta quarta-feira a conquista de várias cidades ocupadas pelos russos no sul do país. Apesar dos bombardeios aéreos, o país de Zelenski continua com a contraofensiva terrestre, onde obteve vitórias nas últimas semanas - em grande parte, graças às armas enviadas pelo Ocidente. "As forças armadas ucranianas libertaram mais cinco cidades no distrito de Berislav da região de Kherson: Novovasilivka, Novogrigorivka, Nova Kamianka, Trifonivka, Chervone", anunciou Zelenski. (Com agências internacionais).
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