A procuradora-geral do Peru, Patricia Benavides, apresentou uma denúncia constitucional contra o presidente Pedro Castillo nesta terça-feira, 11, na qual o mandatário é acusado de liderar uma suposta rede de corrupção enquanto comanda o país. A denúncia foi entregue ao Congresso Nacional e pode culminar na suspensão de Castillo do cargo.
O presidente peruano, que está no cargo há pouco mais de um ano, tem imunidade para certos crimes, mas a denúncia constitucional, por ser julgada no Congresso, não prevê esse tipo de foro.
Os deputados vão debater o documento nos próximos dias em duas comissões parlamentares antes de o assunto chegar ao plenário. Nesta etapa, um relator é designado para fazer um relatório, no qual são ouvidos os argumentos da acusação e da defesa. Depois, os deputados votam para a suspensão ou não do mandato. São necessários 66 de 130 votos para suspendê-lo.
O futuro de Pedro Castillo no comando do Peru se torna inseguro já que a aliança de esquerda que o apoia no Congresso tem apenas um terço das cadeiras, insuficiente para barrar a suspensão. Caso seja aprovada, a medida implica a retirada do cargo até o fim do mandato, em julho de 2026, embora ele mantenha a imunidade.
Castillo afirmou que não vai pedir asilo ou deixar o país e acusou a Justiça peruana de estar "altamente politizada". "Não vou deixar o país e, como sempre dissemos, nos submetemos a todo tipo de investigação. Foi o que fizeram no ambiente familiar, estão fazendo no ambiente ministerial, porque sabemos que não existe uma base real", disse em entrevista coletiva.
Além do presidente peruano, dois ex-ministros do seu governo foram acusados de tráfico de influência: Juan Silva, ex-chefe de Transportes e Comunicações, e Geiner Alvarado, ex-chefe da Habitação.
Nesta terça-feira, o Ministério Público do Peru fez buscas e apreensões em escritórios e residências de seis congressistas do partido centrista Ação Popular (AP), supostamente ligados a casos de corrupção, e na casa da irmã do presidente.
Logo após a operação, Benavides afirmou que "foram encontrados sinais sérios e reveladores de uma suposta organização criminosa no governo" e denunciou a existência de uma "constante e feroz obstrução de justiça" por parte dos integrantes.
"A partir deste momento é responsabilidade exclusiva do Congresso da República decidir sobre o processamento da reclamação constitucional no âmbito da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção", acrescentou a procuradora após a apresentação da denúncia constitucional.
Acusações
A Procuradoria do Peru o acusa de dirigir uma rede de corrupção de lavagem de dinheiro e concessão de empreitadas de obras públicas composta por seu meio familiar e político. O presidente nega que sua família tenha cometido crimes e diz ser vítima de uma campanha para destituí-lo do poder - desde que assumiu o cargo, há 15 meses, ele acumula seis inquéritos, sendo o primeiro presidente peruano a ser denunciado no exercício do cargo.
A cunhada de Castillo, Yenifer Paredes, cumpre 30 meses de prisão preventiva desde 29 de agosto, acusada de fazer parte dessa rede. A primeira-dama, Lilia Paredes, e dois de seus irmãos, Walter e David, também estão sob investigação e enfrentam um pedido de proibição de deixar o país por três anos.
Desde que chegou ao poder, Castillo vive sob o cerco da acusação e do cerco de um Congresso dominado pela direita, que exige sua renúncia e tentou por duas vezes retirá-lo do cargo.
Segundo a denúncia, Castillo também demitiu seu ministro do Interior, no dia 20 de julho, com o objetivo de suspender uma investigação contra aliados. Mariano González ocupava o cargo havia apenas duas semanas e, ao sair, pediu ao Congresso a destituição do presidente. (Com agências internacionais).
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