Irã

Líder do Irã acusa EUA e Israel de fomentar onda de protestos no país

Os protestos entraram em sua terceira semana, tornando-se a mais importante mobilização na República Islâmica desde 2019, provocada pela alta dos preços da gasolina

Correio Braziliense
postado em 04/10/2022 06:00
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, acusou os Estados Unidos e Israel de fomentar a onda de distúrbios e protestos no país após a morte da jovem curda Mahsa Amini, detida por não cumprir o rigoroso código de vestimenta que exige que as mulheres usem o véu. O episódio, em 16 de setembro, desencadeou uma onda de manifestações, que se espalhou por várias regiões do país e mobiliza manifestantes no exterior.

Os protestos entraram em sua terceira semana, tornando-se a mais importante mobilização na República Islâmica desde 2019, provocada pela alta dos preços da gasolina. Na França, mulheres saíram às ruas de Montpellier, ontem, em defesa da liberdade das iranianas e contra o obscuratismo no país. Em Washington, o presidente Joe Biden disse que os Estados Unidos irão impor mais sanções a Teerã por conta da violenta repressão aos protestos.

"Digo claramente que esses distúrbios e a insegurança foram organizados pelos Estados Unidos e pelo falso regime sionista de ocupação, bem como seus agentes, com a ajuda de alguns iranianos traidores no exterior", declarou o guia supremo em seu primeiro comentário público sobre os desdobramentos da morte de Amini.

Segundo Khamenei, "a polícia é obrigada a manter a calma contra os criminosos, e a garantir a segurança da sociedade". "A morte dessa jovem moça partiu nosso coração, mas o que não é normal é que algumas pessoas, sem provas ou investigações, transformem as ruas em um perigo, queimem o Alcorão, as mulheres retirem o véu e queimem mesquitas e carros", acrescentou.

O guia supremo assinalou que as manifestações não apontam para a obrigatoriedade do véu, mas para a "independência" do Irã. "Os Estados Unidos não toleram um Irã forte e independente", enfatizou. "Estamos alarmados e consternados (com as autoridades do Irã), que responderam aos protestos pacíficos dos estudantes universitários com violência e detenções em massa", declarou, por sua parte, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.

Repressão

De acordo com a agência Mehr, no domingo, quase 200 estudantes se reuniram na Universidade Tecnológica de Sharif, em Teerã, e gritaram frases contra o sistema religioso que vigora na República Islâmica. "Mulher, vida, liberdade", repetiam, em mais um ato contra a morte de Amini e a detenção de estudantes durante as manifestações das últimas semanas. A polícia utilizou armas de paintball e outras que atiram balas de aço não letais, além de gás lacrimogêneo, contra os estudantes.

A ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega, divulgou um vídeo que mostra policiais em motos perseguindo estudantes em um estacionamento. Outra gravação exibe os agentes levando os detidos com as cabeças cobertas com sacos. "Forças de segurança atacaram a Universidade Tecnológica de Sharif. Tiros foram ouvidos", postou o IHR no Twitter.

Em outro vídeo que o IHR diz ter sido gravado em uma estação de metrô de Teerã, uma multidão grita: "Não tenha medo, não tenha medo!" Também foram registrados protestos em outras universidades.

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