ESTADOS UNIDOS

Nos EUA, vítimas de abuso sexual chegam a pagar US$ 3 mil por ajuda médica

Se violentadas enquanto grávidas o custo chega a US$ 4 mil; pesquisadores alertam para a necessidade de barreiras financeiras não atrapalharem as denúncias de abusos

As estatísticas que envolvem violência sexual são alarmantes. E uma pesquisa publicada no The New England Journal of Medicine aponta que os custos para tratar esses abusos em hospitais podem se tornar um adicional ao trauma sofrido pelas vítimas. Feita com médicos das universidades da Califórnia, Nova York, Austin, Boston e Cambridge (assinado por Samuel L. Dickman, Gracie Himmelstein, David U. Himmelstein, Katherine Strandberg, Alecia McGregor, Danny McCormick e Steffie Woolhandler), os dados apontam que vítimas de abuso sexual tiveram de pagar cerca de US$ 3 mil para buscar ajuda em centros médicos. Se a pessoa estivesse grávida no período em que foi violada, o custo aumentava para US$ 4 mil.

Pesquisadores recolheram informações de mais de 35 milhões de centros médicos e departamentos de emergência nos Estados Unidos, focando principalmente em visitas prestadas em relação a abuso sexual. Esses dados foram recolhidos da Nationwide Emergency Department — empresa que fornece dados do sistema de saúde norte americano —, de 2019.

Naquele mesmo ano, visitas ao departamento de emergência chegaram a mais de 112 mil — e foram registradas na categoria de violência sexual. Desse número, a maioria das vítimas eram mulheres (88.3%), 52,7% tinham entre 18 e 44 anos e 38,2% tinham menos de 17 anos.

Em média, o custo à essas vítimas ficou em US$ 3 mil. Se a pessoa estivesse grávida no período em que foi violada, o custo aumentava para US$ 4 mil.

Como pagavam?

Na maioria dos casos (36,2%), um programa estatal era o responsável por arcar com os custos e 22,1%, era custeado por seguros privados. Porém, em uma parcela considerável, 16% dos casos, o pagamento do tratamento saía do bolso dos próprios pacientes.

Mais de 17 mil pessoas que foram a um centro médico procurando ajuda após sofrer os abusos tiveram que pagar com a própria renda. Por serem altas quantias, algumas pessoas não tinham condições para arcar com o pagamento. Logo, as vítimas são desestimuladas a procurarem ajuda médica.

Os autores do estudos sugerem ainda que a cobertura médica da Violence Against Women Act (VAWA — programa contra a violência sexual de mulheres) seja expandida para cobrir outros serviços, como atendimentos terapêuticos. Os pesquisadores também dizem que os Estados Unidos futuramente, necessitarão da cobertura de um sistema único de saúde para que a barreira financeira não impeça que cada caso seja investigado e, às vítimas, seja oferecido o cuidado necessário. 

*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes

Saiba Mais