Estrasburgo, França- Os pais da menina britânica Madeleine (Maddie) McCann, cujo desaparecimento gerou grande repercussão internacional há 15 anos, perderam nesta terça-feira (20/9) um processo perante o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) relativo a um livro escrito sobre o caso por um inspetor policial português.
Gerald Patrick McCann e Kate Marie Healy apresentaram um recurso em 2017 perante este tribunal, considerando que as declarações feitas por este ex-inspetor no livro sobre seu suposto envolvimento no desaparecimento de sua filha de três anos minaram sua reputação e sua presunção de inocência.
Assim como fez a Justiça portuguesa, o TEDH considerou que "no caso de a reputação dos denunciantes ter sido afetada, não é pela tese defendida pelo autor do livro, mas pelas suspeitas que foram levantadas contra eles" durante uma investigação altamente divulgada na mídia.
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"Eram informações que o público tinha amplo conhecimento antes mesmo (...) da publicação do livro em questão", insistiu o tribunal, que considera que a Convenção Europeia dos Direitos Humanos não foi violada por Portugal.
Os pais de Maddie se declararam "naturalmente decepcionados" com essa decisão e explicaram em nota que não querem defender sua reputação e sim proteger o avanço da investigação.
Afirmaram que agiram deste modo "por uma única e mesma razão": as acusações expostas no livro "tiveram um impacto prejudicial na busca por Madeleine".
Madeleine McCann desapareceu em 3 de maio de 2007, pouco antes do seu quarto aniversário, na Praia da Luz, estância balnear no sul de Portugal, onde passava férias com os pais e um grupo de amigos.
Seu desaparecimento deu origem a uma campanha internacional excepcional para tentar encontrá-la. Fotos de Maddie, com seus cabelos castanhos e seus grandes olhos claros, deram a volta ao mundo.
Após 14 meses de investigações, marcadas sobretudo pela acusação dos pais, antes de ser absolvida, a polícia encerrou o caso em 2008, mas o reabriu cinco anos depois.
Foi só em junho de 2020 que o caso acelerou repentinamente, quando o Ministério Público de Brunswick (Alemanha) anunciou que havia chegado à convicção de que a menina estava morta e que o suspeito era um homem de 43 anos, detido em Kiel (norte da Alemanha) por outro caso. O suspeito foi denunciado em abril a pedido da Justiça portuguesa.