Miranda Borugham, 40 anos, chegou ao Palácio de Buckinhgham, em Londres, por volta das 10h (6h em Brasília) e ali permaneceu até as 16h. "Eu admirava a rainha e tinha muito carinho por ela", contou a londrina ao Correio. Fez questão de levar um buquê de rosas brancas, acompanhado de um bilhete escrito à mão.
"O dia mais triste. Nós todos imaginávamos que a rainha fosse imortal", escreveu no pequeno papel branco. "Eu esperava que ela fosse para sempre, pois sempre foi uma constante. Ela não é apenas a figura de proa de nossa nação. Sinto como se fosse a nossa mãe e avó. Estou verdadeiramente entristecida por sua morte. Fui prestar minhas condolências e testemunhar a história."
Com lágrimas nos olhos, Harry Sims, morador de Reading, ao leste de Londres, ficou mais de uma hora na fila para depositar as flores em frente aos portões. "É muito complicado dizer com palavras... Ela sempre será minha rainha e penso que é muito bonito ver como toda esta gente mostra seu amor e respeito", disse à agência de notícias France-Presse.
No portão, flores e cartazes. "Nossa rainha, obrigado", estampava um papel preso a rosas vermelhas e amarelas. "Respeito à senhora. Dignidade e dever até o fim", afirmava outra mensagem.
O jornalista Abdulla Jameel, 39, viajou mais de 8 mil quilômetros das Maldivas até Londres, onde passava as férias até a tarde de quinta-feira. "Sou o único repórter das Maldivas a estar aqui. Estou muito impressionado. Nunca vi tamanha multidão. As pessoas estão muito desesperadas para se aproximarem dos portões e deixar suas flores. Nunca imaginei que fosse ver algo assim no Reino Unido", relatou à reportagem. Jameel conversou com alguns dos súditos da rainha e soube que muitos deles tinham ficado até 12 horas no local para verem o rei Charles III.
Os protocolos fúnebres prosseguiram com o badalar dos sinos em igrejas de todo o Reino Unido e os disparos de canhões — ambos para marcar a morte da monarca. À tarde, políticos e cidadãos britânicos se reuniram em uma celebração na Catedral de St. Paul, em Londres, em memória da rainha.
Naquele momento, o hino nacional foi executado com o novo refrão e novo título God save the king ("Deus salve o rei"). A letra tinha sido mudada pela última vez em 1952, depois que a morte de George VI levou a filha, Elizabeth II, ao trono.
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Ontem, Rory Cellan-Jones, 64 anos, correspondente de tecnologia da emissora britânica BBC, recordava com carinho um momento em que esteve com a rainha Elizabeth II. "Foi em 2012. Foi em uma recepção para indústrias de tecnologia e de mídias sociais no Palácio de Buckingham. Ela veio falar comigo e com mais três pessoas, e nos fez perguntas. Minha impressão foi de que a rainha estava muito interessada em aprender novas coisas, apesar da idade avançada. Ela era ótima em deixar as pessoas à vontade. Como todos os britânicos, sinto-me triste, mas também grato pela forma com que Elizabeth II serviu ao nosso país", relatou ao Correio.
Entre o luto, o sentimento de vazio e a curiosidade, britânicos e turistas se preparam para os funerais da rainha Elizabeth II. Amanhã, o corpo com o caixão da monarca será levado ao Palácio de Holyroodhouse, em Edimburgo, a residência dos monarcas na Escócia.
Na segunda-feira, a urna seguirá em procissão até a Catedral de Saint Giles, onde será celebrada uma cerimônia para membros da família real. Londres terá a chance de se despedir da matriarca a partir de terça-feira, quando o caixão chegará à capital do Reino Unido e seguirá para o Palácio de Buckingham.
Entre quarta-feira (14) e domingo (18), os súditos poderão participar de um velório aberto em Westminster Hall, sede do Parlamento. O caixão será colocado sobre um catafalco de cor púrpura. O funeral de Estado, na presença de chefes de Estado e de governo de todo o mundo, está previsto para o dia 19, na Abadia de Westminster.
A família real caminhará atrás do caixão, e o Reino Unido silenciará por dois minutos. Elizabeth II será, então, sepultada na Capela de St. George do Castelo de Windsor, a 37km de Londres, ao lado do marido, Philip.
Para Elizabeth Norton, especialista sobre rainhas da Inglaterra, Elizabeth II será lembrada por sua longevidade. "Nenhum outro monarca reinou por sete décadas, com sua própria existência conferindo estabilidade e continuidade em um período de mudanças consideráveis.
Em 1952, o Reino Unido e o mundo eram diferentes, e a rainha conseguiu conduzir a monarquia através das transformações. Elizabeth II conseguiu trazê-la para o século 21. Embora 15 premiês tenham ido e vindo, ela se manteve constante", avaliou ao Correio.