REINO UNIDO

A Rainha Pop: Elizabeth II inspirou do punk a clássicos infantis

Permanentemente no imaginário dos súditos, Elizabeth II inspirou do punk a clássicos infantis, estrelando animações, filmes e séries de televisão. Em sete décadas, ela posou para mais de 175 retratos

A mais ilustre e admirada integrante da família real britânica se tornou, ao longo dos 70 anos e 127 dias de reinado, um ícone pop mundial. De porcelanas a bonecas, a rainha Elizabeth II teve sua figura estampada em quadros e capas de discos, e foi inspiração para músicas, animações, filmes e séries. Com reconhecido bom humor, a monarca também emprestou sua imagem para comerciais e outros ramos do entretenimento.

A inconfundível fisionomia de Elizabeth II foi usada à exaustão na cultura popular durante todo o tempo em que esteve à frente do Palácio de Buckingham. Alguns o fizeram com carinho, outros nem tanto, mas sua onipresença é prova do espaço que ocupa no imaginário popular.

Em 1977, a capa do single do Sex Pistols de 1977 God Save The Queen, com o rosto da jovem rainha, cujos olhos e boca estão escondidos pelos nomes da banda e seu hit, é uma das imagens mais conhecidas do movimento punk... mas também de Elizabeth II. O autor, o artista britânico Jamie Reid, também criou uma versão em que o rosto dela aparece com um alfinete no lábio e suásticas em vez de pupilas.

Muitas outras canções foram escritas, como Elizabeth My Dear (1989) do grupo de rock alternativo The Stone Roses. Na letra, os músicos afirmam que "não descansarão até que ela perca seu trono".

Em 2005, o grupo britânico de música eletrônica Basement Jaxx apresentou uma monarca selvagem que saía à noite por Londres, visitava um clube de striptease e até brigava no clipe de You Do Not Know Me.

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Como Marilyn

Elizabeth II posou para mais de 175 retratos durante seu reinado. Artistas como Cecil Beaton, Lucien Freud e Annie Leibovitz a apresentaram em seus vestidos mais elegantes, no trabalho ou com a família. Mas as imagens mais famosas são, sem dúvida, as feitas pelo rei do pop art, o americano Andy Warhol, em 1985, como parte de uma série sobre mulheres de grande influência. O artista usou uma fotografia oficial da rainha que ele personalizou, como também fez com Marilyn Monroe.

Inconfundível pelo sofisticado sotaque britânico e roupas de cores vivas, a rainha também se tornou personagem de desenhos animados, além de aparecer em programas de televisão e filmes. Ela apareceu diversas vezes na série animada americana Os Simpsons, principalmente em um episódio em que o protagonista, Homer, bate a carruagem real contra o Palácio de Buckingham.

Na animação infantil Peppa Pig, a monarca pula em poças de lama. Ela também aparece nos filmes Minions (2015), Austin Powers em o Homem do Membro de Ouro (2002) e Corra que a Polícia vem Aí! (1989), onde é interpretada por Jeanette Charles, sua dublê britânica mais famosa.

A despeito de raramente ter concedido entrevistas, a vida da soberana foi retratada em filmes, peças de teatro e programas de televisão. Em O Discurso do Rei (2010), filme vencedor do Oscar sobre a luta de seu pai, o rei George VI, para superar a gagueira, ela é vista como uma menina. Já em A Rainha (2006), Elizabeth II enfrenta a ira de seus súditos após a morte de sua nora, a princesa Diana, em 1997.

Mas foi a série de sucesso da Netflix The Crown que retratou com mais detalhes a vida da monarca e seu relacionamento com o marido, o príncipe Philip, com disputas conjugais, escândalos e crises políticas.

Com a imagem usada a revelia por anos, a própria rainha tomou o protagonismo em 2012 quando fez uma aparição em um vídeo humorístico para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. Nele, Elizabeth II aparecia rodeada de seus queridos cachorros corgis — teve mais de 30 durante o reinado — em Buckingham, onde recebia o famoso espião James Bond, interpretado por Daniel Craig.

"Boa noite, Sr. Bond", diz a rainha, antes que a dupla simule o embarque em um helicóptero, sobrevoando Londres e, finalmente, saltando de paraquedas sobre o estádio olímpico da capital britânica.

Quatro anos depois, ela apareceu conversando com o príncipe Harry em um vídeo que também contou com o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para promover os Jogos Invictus, um evento internacional semelhante aos Jogos Paralímpicos e criado pelo neto da monarca para soldados feridos.

Há três meses, por ocasião de seu Jubileu de Platina, Elizabeth II apareceu, aos 96 anos, em um vídeo tomando chá com o personagem de desenho animado Urso Paddington, clássico personagem infantil londrino. Batendo nas xícaras de porcelana com suas colheres de prata ao ritmo de We Will Rock You, da banda britânica Queen, a monarca e o famoso ursinho abriram um grande show em homenagem aos 70 anos de seu reinado.

Homenagens nas redes sociais

Logo após o Palácio de Buckingham anunciar a morte da rainha Elizabeth II, as redes sociais foram invadidas por homenagens e lamentações sobre a mais longeva soberana britânica. Na verdade, o assunto liderou a lista dos mais comentados no Twitter ao longo de todo o dia, desde que a realeza anunciou a piora do estado de saúde da monarca.

Artistas, celebridades e políticos fizeram questão de saudar a majestade. O pianista, cantor e compositor Elton John escreveu que sua afeição à rainha Elizabeth II vinha "desde a infância até hoje".

"Ela era uma presença inspiradora e liderou o país através de alguns de nossos maiores e mais sombrios momentos com graça, decência e um genuíno carinho", publicou o artista britânico, no Instagram.  A relação entre o músico e a rainha se tornou mais próxima em 1996 quando Elton John foi consagrado como Ordem do Império Britânico (OBE). Dois anos depois, ele recebeu a honra de Cavaleiro Comandante da OBE. "Sentirei muita falta dela."

Também agraciado pela coroa inglesa com o título de cavaleiro, em 1997, o ex-beatle Paul McCartney lastimou a morte da soberana e saudou o sucessor, Charles III. "Deus abençoe a rainha Elizabeth II, que ela descanse em paz. Vida longa ao rei", escreveu o ex-baixista do Beatles, no Twitter.

No Brasil, o rei do futebol ressaltou: "Sou um grande admirador da rainha Elizabeth II desde a primeira vez que a vi pessoalmente, em 1968, quando ela veio ao Brasil testemunhar nosso amor pelo futebol e conheceu a magia do Maracanã lotado". Assim como Paul e Elton John, Pelé foi condecorado, em 1997, como participante da OBE.

A apresentadora Ana Maria Braga, no Twitter, celebrou os 70 anos em que a rainha esteve no trono da corte inglesa e para desejar que ela "siga em paz em um caminho sempre iluminado".