Por muito tempo, os britânicos nem podiam ouvir falar nela. Porém, Camilla, o amor da vida de Charles III e, agora, rainha consorte, conquistou aos poucos os corações dos súditos. Casada com o novo monarca em 2005, ela avança na hierarquia real com todas as honras, por vontade da falecida rainha.
Em uma mensagem por ocasião dos 70 anos de seu reinado, em fevereiro último, Elizabeth II expressou seu "sincero desejo" de que Camilla "seja conhecida como rainha consorte" quando Charles ascendesse ao trono. Um grande salto para quem, até então, era conhecida simplesmente como duquesa da Cornualha — ela optou por não usar o título de princesa de Gales para não ofender ninguém — uma plebeia de 75 anos que foi considerada a principal responsável pelo fim do casamento real entre o príncipe e Diana, celebrado em 1981.
Integrante da alta burguesia provinciana, Camilla Shand, filha do major Bruce Shand e de Rosemary Cubitt, ricos proprietários de terras, nasceu em 17 de julho de 1947. Ela foi educada nas melhores escolas particulares — primeiro em Londres; depois, na França e na Suíça. Após seu retorno ao Reino Unido, a imprensa de fofocas a ligou a relacionamentos com solteiros cobiçados, como Kevin Burke, filho de um fabricante de aeronaves, e Rupert Hambro, membro da abastada família de banqueiros Hambro. Em 1970, durante uma partida de polo, conheceu o príncipe: apesar de não pertencer à nobreza, a jovem frequentava os mesmos círculos sociais de Charles.
O primeiro relacionamento deles foi curto: Charles ingressou na Marinha Real, e Camilla, cansada de esperar, casou-se com um de seus admiradores, o major Andrew Parker Bowles, com quem teve dois filhos. Alguns anos depois, ela mesma encorajaria o príncipe de Gales a se casar com Diana. Mas quando ambos ainda eram casados, retomaram o relacionamento. A imprensa até publicou as conversas telefônicas íntimas e, muitas vezes, escandalosas.
Após o divórcio de Charles e Diana, em 1996, Camilla, divorciada um ano antes, pode começar a aparecer publicamente com o príncipe. Mas a morte da princesa em um acidente de carro, em agosto de 1997 em Paris, a relegou às sombras novamente. Para muitos britânicos, ela era "a outra", responsável por destruir o conto de fadas da realeza.
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Popularidade
Pouco a pouco, no entanto, Camilla conseguiu apagar essa imagem, impondo-se ao lado do príncipe até que, em 2005, teve o relacionamento consagrado com seu casamento em Windsor, na presença da rainha. A cerimônia atraiu uma multidão de 20 mil pessoas que aplaudiram o casal. Segundo a biógrafa de Charles III, Penny Junor, a agora rainha consorte jamais aspirou a um título nobre. "Ela simplesmente queria estar com o príncipe de Gales."
Com senso de humor, simplicidade e desenvoltura, Camilla ganhou popularidade e visibilidade ao se comprometer com causas como a violência contra a mulher e a defesa dos direitos dos animais. E muitos acabaram reconhecendo o impacto positivo que teve no marido. "As pessoas percebem que Camilla é ideal para Charles, e os dois trabalham maravilhosamente juntos", disse à agência France-Presse (AFP) o comentarista real Richard Fitzwilliams.