Mais de 1,6 milhão de estudantes retornaram às salas de aula em Cuba nesta segunda-feira (5) em meio a irritantes cortes de energia que provocam protestos na ilha e que as autoridades não esperam minimizar até dezembro.
"Feliz segunda-feira de volta às aulas, desejo aos mais de 250.000 professores e 1.690.000 alunos que retomam o ano letivo 2021-2022", disse o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, no Twitter.
Na última quarta-feira, durante uma reunião do governo que analisou os preparativos para a retomada das aulas em todos os níveis de ensino, Díaz-Canel sublinhou que as aulas começariam "contra todas as probabilidades" e "em meio a adversidades", segundo a mídia local.
Imersa em sua pior crise econômica desde a década de 1990, com escassez de alimentos e remédios, a ilha de 11,2 milhões de habitantes sofre apagões diários programados desde maio no horário de pico, por falta de geração de energia elétrica.
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Havana havia sido poupada desses apagões, mas desde o início de agosto as autoridades começaram a aplicar dois apagões por semana de quatro horas cada, e em muitos casos se tornaram mais frequentes.
A ministra da Educação, Ena Elsa Velázquez, explicou na quinta-feira na televisão local que o país dispõe de "todos os recursos materiais e profissionais" para o novo ano letivo. Mas exortou os centros de ensino a "conceberem o seu horário na dependência" dos apagões, uma vez que "cada município sabe" com antecedência o tempo que ficará sem energia.
Durante o apagão diurno, que vai das 10 da manhã às 14 da tarde, "serão realizadas atividades complementares (jogos) e educação física", explicou Susana Fabré, diretora da escola Ángela Landa, localizada em Havana Velha, após receber os 426 alunos que estudam no local. Para evitar um impacto maior, "as aulas fundamentais serão ministradas nas primeiras horas da manhã", especificou.
O sistema educacional cubano é público e gratuito. Os cortes de energia geraram irritação na população e houve até protestos em cidades do interior, onde as pessoas fizeram panelaços gritando slogans à noite, em meio ao forte calor do verão.
O presidente Díaz-Canel disse há uma semana que seu governo planeja acabar ou minimizar os apagões até dezembro, uma vez concluídas a reparação de falhas e a manutenção das antigas usinas termelétricas do país.