Washington, Estados Unidos- O presidente americano, Joe Biden, chamou Donald Trump e "os extremistas" que o apoiam de inimigos da democracia americana, durante um discurso nesta quinta-feira na Filadélfia, com o qual buscou encorajar os eleitores antes das eleições de meio de mandato, em novembro.
Biden atacou principalmente os republicanos que abraçam a ideologia Make America Great Again (Maga). "Donald Trump e os republicanos da Maga representam um extremismo que ameaça as próprias bases da nossa república", disse Biden perto do local onde foi proclamada a Declaração de Independência e aprovada a Constituição americana, há mais de dois séculos.
"Não há lugar para a violência política nos Estados Unidos. Nenhum, nunca", assinalou Biden, referindo-se a invasão do ano passado ao Capitólio realizada por apoiadores de Trump que se negaram a aceitar o resultado das eleições presidenciais.
"Durante muito tempo, temos dito a nós mesmos que a democracia americana está garantida, mas não está. Temos que defendê-la, todos e cada um de nós. Peço à nossa nação que se una atrás do único propósito de defender a nossa democracia, independentemente da sua ideologia", pediu Biden.
Segundo o democrata, "as forças da Maga estão decididas a fazer este país retroceder. Retroceder a um Estados Unidos da América onde não haja direito à escolha, à privacidade, à anticoncepção, nem o direito a se casar com quem se ama".
O presidente busca dar impulso ao Partido Democrata antes das eleições de meio de mandato, nas quais estará em jogo o controle do Congresso.
Donald Trump, em uma reação enigmática às palavras de Biden, postou em sua plataforma online Truth Social uma imagem dividida com Joe Biden à esquerda cerrando os punhos no púlpito e ele à direita beijando uma bandeira americana.
"Alguém deveria explicar a Joe Biden o que MAGA significa... Se ele não quer tornar a América grande novamente, nem mesmo com palavras, ações e pensamentos, então ele certamente não deveria representar os Estados Unidos da América", afirmou Trump na legenda que acompanha a imagem.
Um dos temas centrais do discurso de Biden foi "a batalha pela alma da nação". A expressão se refere a um texto que o presidente publicou na revista "The Atlantic" em 2017, após uma manifestação de supremacistas brancos na localidade de Charlottesville, Virgínia, que terminou com uma morte e dezenas de feridos. "Estamos vivendo uma batalha pela alma desta nação", escreveu ele.
Após a sua eleição, em 2020, o político veterano considerou travar essa batalha por meio do diálogo com legisladores republicanos e de reformas pró-classe média.
- Pesquisas -
Segundo uma pesquisa publicada nesta quinta-feira pelo "Wall Street Journal", caso as eleições legislativas de meio de mandato fossem realizadas hoje, 47% dos eleitores estariam inclinados a votar nos democratas, contra 44% para os republicanos. Em março, a direita tinha uma vantagem de 5 pontos percentuais.
Os democratas sonham com uma façanha nessa eleição, que renova a totalidade da Câmara dos Representantes e um terço do Senado e é tradicionalmente desfavorável para o partido no poder.
O debate político mudou desde o começo do verão no hemisfério norte. A inflação diminuiu, o que possibilitou a Biden promover uma série de reformas e anunciar a morte do líder da Al-Qaeda em um ataque americano.
O suficiente para enfrentar dois grandes eixos da campanha republicana: a queda do poder aquisitivo e a fragilidade do presidente mais idoso da história do país.
Várias pesquisas mostram bons desempenhos dos democratas em questões como a defesa do direito ao aborto e avanços sociais, onde os republicanos agora são amplamente vistos como reacionários.
Também se destacam pela preocupação com a democracia e a rejeição da violência política, aspectos em que a figura de Trump invariavelmente aparece.
O Partido Democrata ainda terá dificuldade em manter o controle da Câmara dos Representantes, mas espera preservar sua maioria no Senado e a Pensilvânia será crucial para que isso aconteça.
Biden já viajou para aquele estado na terça-feira e retornará na próxima segunda-feira para comemorar o Dia do Trabalho com o candidato democrata ao Senado John Fetterman.
Trump também irá para a Pensilvânia no sábado para apoiar seu candidato nesta corrida, Mehmet Oz.