O presidente americano, Joe Biden, exortará os americanos a "defender" a democracia, pois não está "garantida", segundo trechos do discurso que fará na Filadélfia na noite desta quinta-feira (1).
"Durante muito tempo, temos dito a nós mesmos que a democracia americana está garantida. Mas não está. Temos que defendê-la. Protegê-la. Todos e cada um de nós", diz o texto divulgado pela Casa Branca.
O discurso do presidente, marcado para as 20h00 (21h00 no horário de Brasília), acontecerá perto do prédio onde a Declaração de Independência e a Constituição dos Estados Unidos foram adotadas há mais de dois séculos.
Biden usará o horário nobre para investir contra os apoiadores de Donald Trump que, segundo ele, degradam a "alma" do país.
"As forças do MAGA (Make America great Again) estão decididas a fazer este país retroceder. Retroceder a um Estados Unidos da América onde não haja direito à escolha, à privacidade, à anticoncepção, nem o direito a se casar com quem se ama", diz o texto do discurso.
O presidente tenta impulsionar seu Partido Democrata antes das eleições de meio de mandato, em novembro, nas quais está em jogo o controle do Congresso.
- "MAGA" -
A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, já disse que o presidente democrata de 79 anos não fará rodeios na hora de atacar seus oponentes republicanos.
"O presidente acredita que há uma ameaça extremista à nossa democracia", afirmou.
E essa "ameaça" tem um nome: republicanos "MAGA" ou "ultra-MAGA", que aderem à ideologia "Make America Great Again" do ex-presidente Donald Trump.
Biden "nunca recua quando se trata de falar do antecessor, mas este não é um discurso sobre o ex-presidente", garantiu Jean-Pierre durante sua coletiva de imprensa diária.
O presidente também tentará ser "otimista", completou: "Quando falamos em extremismo, isso diz respeito apenas a uma parte muito pequena da população americana".
Em 2017, Biden escreveu para a revista The Atlantic: "Estamos vivendo uma batalha pela alma desta nação". Na época, uma manifestação de supremacistas brancos aconteceu em Charlottsville, no estado da Virgínia (sul), deixando um morto e dezenas de feridos.
Após sua eleição em 2020, o político veterano inicialmente considerou travar essa batalha por meio do diálogo com legisladores republicanos moderados e por meio de reformas pró-classe média.
No entanto, a retórica da reconciliação logo foi silenciada.
- Pesquisas -
De acordo com uma pesquisa publicada nesta quinta-feira pelo Wall Street Journal, caso as eleições legislativas de meio de mandato fossem realizadas hoje, 47% dos eleitores estariam inclinados a votar nos democratas, contra 44% para os republicanos. Em março, a direita tinha uma vantagem de 5 pontos percentuais.
Os democratas sonham com uma façanha nessa eleição, que renova a totalidade da Câmara dos Representantes e um terço do Senado e é tradicionalmente desfavorável para o partido no poder.
O debate político mudou desde o começo do verão no hemisfério norte. A inflação diminuiu, o que possibilitou a Biden promover uma série de reformas e anunciar a morte do líder da Al-Qaeda em um ataque americano.
O suficiente para enfrentar dois grandes eixos da campanha republicana: a queda do poder aquisitivo e a fragilidade do presidente mais idoso da história do país.
Várias pesquisas mostram bons desempenhos dos democratas em questões como a defesa do direito ao aborto e avanços sociais, onde os republicanos agora são amplamente vistos como reacionários.
Também se destacam pela preocupação com a democracia e a rejeição da violência política, aspectos em que a figura de Trump invariavelmente aparece.
O Partido Democrata ainda terá dificuldade em manter o controle da Câmara dos Representantes, mas espera preservar sua maioria no Senado e a Pensilvânia será crucial para que isso aconteça.
Biden já viajou para aquele estado na terça-feira e retornará na próxima segunda-feira para comemorar o Dia do Trabalho com o candidato democrata ao Senado John Fetterman.
Trump também irá para a Pensilvânia no sábado para apoiar seu candidato nesta corrida, Mehmet Oz.